O Sporting, campeão nacional em título, tem conseguido manter aquela que é a espinha dorsal da equipa. Depois da saída de Rúben Amorim, o Sporting passou por algumas dificuldades quando João Pereira assumiu o comando técnico da equipa principal dos leões, e foi em Rui Borges que encontrou a solução para assumir os destinos daquele que é um dos plantéis mais ricos do nosso futebol.

Quando olhei para o plantel do Sporting, identifiquei logo aquela que, para mim, era a lacuna mais gritante da equipa, a posição de guarda-redes. Franco Israel tem assumido o lugar com alguma efetividade, ainda que não seja um grande guarda-redes, cumpre bem a função, mas não permite que a equipa eleve o seu jogo através das zonas mais recuadas do terreno.

No início da época, os leões investiram forte na aquisição de Kovacevic, a meu ver, muito mal tendo em conta a qualidade questionável deste jogador. O guarda-redes não me parece ter nível para estes patamares, aliás, antes de reforçar o Sporting, o guardião bósnio foi também associado ao Benfica, e quando pude observar alguns jogos deles, devo confessar que não fiquei com boa imagem, aliás pelo contrário.

Este erro de “casting” dos leões deixou-me bastante surpreendido, já que não é nada habitual nesta nova gestão que se desenvolveu nos últimos anos em Alvalade. Ora bem, tal como eu, a direção leonina identificou uma necessidade de reforçar a sua baliza e, nos últimos dias, anunciou a contratação do guardião Rui Silva. O português já se estreou e vem dar mais segurança à posição, e mesmo que não seja um guarda-redes de elite mundial, é um profissional que transmite outro tipo de segurança à sua linha defensiva e acredito que vai ajudar muito os seus companheiros no jogo com bola.

Com a chegada de Rui Borges, o Sporting passou a jogar com uma linha clássica de quatro defesas, ora esta nova estratégia que está a ser implementada em Alvalade pode motivar algumas mudanças na linha defensiva e, inclusive, algumas saídas e entradas. No lado direito, o Sporting tem alinhado com Eduardo Quaresma e Fresneda, jogador que até estava perto da saída, mas que ganhou claramente o espaço com Rui Borges. Existe ainda Esgaio, sendo que a situação deste último pode ser analisada ainda neste mercado, tendo em conta a escassez de minutos que vai ter.

Apesar de Quaresma não ser um lateral de raiz, acho que cumpre muito bem a função e até é ali que gosto mais de o ver jogar. Assim, não me parece que vá entrar alguém para a lateral direita, mesmo com a saída de Esgaio, já no flanco oposto, parece-me que o Sporting pode necessitar de ir ao mercado procurar uma solução que garanta estabilidade defensiva e, ao mesmo tempo, ofensiva.

Matheus Reis é lateral esquerdo de raiz e garante essa tal solidez defensiva, no entanto, não me parece o tipo de jogador que depois consiga transportar a equipa mais para a frente, ao contrário de Maxi Araújo, sendo forte a atacar, mas débil a defender.

No entanto, é preciso sempre ter em conta que Rui Borges tem Gonçalo Inácio no plantel, que pode também passar pela posição, assim como arriscar mais com Geny ou Quenda, lembrando ainda que Nuno Santos não vai ser opção para esta época. Assumindo que tem de existir mais uma opção de raiz, porque, a meu ver, faz sentido, acredito que os verde e brancos poderiam analisar a contratação de Abner. O Sporting podia aproveitar as dificuldades que o Lyon enfrenta atualmente, estando o passe do jovem lateral avaliado em cerca de nove milhões de euros.

No eixo central da defesa, e já contando com Quaresma à direita e Reis à esquerda, o Sporting tem ainda Diomande, St.Juste, Gonçalo Inácio e Debast, que também pode ser incluindo na dupla de meio-campo, como vimos num dos últimos compromissos leoninos, onde o belga foi bastante elogiado por Rui Borges nessa posição. Aqui o Sporting está bem servido, e esta tal capacidade que os jogadores do centro da defesa revelam para assumir outras posições, podem ajudar a camuflar algumas necessidades que por vezes apareçam.

Avançando um bocadinho mais no terreno, identifico aquela que é, para mim, a necessidade mais urgente deste plantel, que é a contratação de mais um médio. Na minha opinião, era benéfico para João Simões ter mais minutos de jogo a um nível alto e constante, pelo que o Sporting poderia ponderar emprestar o médio português, mantendo no plantel Hjulmand, Bragança e Morita, e trazendo alguém que consiga alternar com o médio dinamarquês.

Talvez seja necessário um jogador com um perfil semelhante ao de Hjulmand, mas que possa também assumir um meio-campo a dois com o dinamarquês, por isso e tendo em conta o conhecimento que Rui Borges tem de Tomás Handel, vejo no médio português um reforço interessante para a posição. Neste caso específico, é necessário ter em atenção que o Vitória já vendeu muitos dos seus jogadores neste mercado e pode não estar disponível para perder alguém com a importância de Handel a poucos dias do fecho da janela de janeiro.

Para além de Handel, aconselho também uma possível contratação de Dion Lopy, peça chave do Almeria, numa época em que já soma 23 jogos ao serviço dos espanhóis. O seu valor de mercado ronda os seis milhões de euros. Pepelu, que conhece muito bem o futebol português, seria outra boa opção, apesar de ter um valor de mercado situado nos 15 milhões de euros, tem atuado muito pouco pelo “aflito” Valência, que certamente olharia para uma venda com bons olhos.

Nas alas do ataque, apesar da tarefa estar bem entregue, tendo em conta que o Sporting conta com Quenda, Geny e eventualmente Maxi Araújo a “full time”, existe o caso de Marcus Edwards que tem de ser resolvido rapidamente e ainda antes de atacar o mercado. Não parece que o extremo vá ter grande margem de manobra com Rui Borges ao leme dos leões, por isso a saída pode ser inevitável, e se calhar já devia ter acontecido.

Penso que Trincão vai ser utilizado mais perto do ponta de lança, numa posição de “vagabundo” que já vinha ocupando a espaços com Amorim, e estou curioso para perceber qual vai ser o papel de Pote neste novo Sporting.

Por isso, os leões poderiam eventualmente pensar num extremo para reforçar as alas do ataque, assim sendo, sugiro o nome de Nicolas Kuhn numa perspetiva de reforçar a ala direita, camisola “10”, do Celtic, que leva 16 golos e 12 assistências esta época. É um extremo que privilegia o seu pé esquerdo na maneira como trata a bola e a aposta no jogo interior. Gostava também de deixar aqui o nome de Yeremay, jovem extremo do qual falei muito recentemente e que tem uma cláusula de “apenas” 20 milhões de euros, uma pechincha tendo em conta o enorme potencial que desperta em tão tenra idade.

No ataque propriamente dito, já se percebeu que Gyokeres é a peça chave, que vai ter muitas vezes a companhia de um elemento perto de si, umas vezes mais móvel, com Trincão ou eventualmente Pote, e umas vezes mais posicional, com a inclusão de Harder.

Não consigo perceber bem se a prioridade de Rui Borges vai passar por ter alguém sempre perto do avançado sueco, mas se isso realmente for uma constante, acredito que há espaço no plantel para mais uma unidade que possa jogar perto de Gyokeres. Contudo, não sei se será necessário ir ao mercado reforçar esta posição se uma das outras duas que falei atrás forem reforçadas, porque no caso dos leões trazerem outro médio. Daniel Bragança pode fazer este papel e também a própria contratação de Yeremay podia ajudar neste sentido.

Em conclusão, parece-me que o plantel leonino está numa fase de organização. Acredito que Rui Borges tenta perceber de que forma é que pode trabalhar daqui para a frente, tendo sempre em conta as armas que tem à sua disposição e aquilo que quer para a sua equipa. Não me parece que vão existir muitas mais mexidas em janeiro, ainda assim não me espantava que o Sporting fosse ao mercado ajustar uma ou outra coisa que possa não estar tão de acordo com a nova ideia de jogo leonina.