Este era um artigo que queria escrever há muito tempo porque era, de facto, um grande desejo que tinha, deixar escrito para que todos possam ler, ver e rever, os 11 jogadores que eu lançaria em campo quando me pedissem para descrever os melhores que vi jogar.

Sou um privilegiado, vi jogar os melhores dos melhores, a nata da nata, semana após semana, ano após ano, e acreditava, na minha humildade inocência, que era para sempre… Hoje, dou muito valor a todos os craques que vi jogar e que deixaram o seu nome escrito a ouro na história deste desporto eterno, que nos apaixona a todos.

Para mim, o futebol mudou muito, e não necessariamente para melhor, porque está tudo mais automatizado, como se fosse um jogo de xadrez jogado com os pés, onde a criatividade é “castrada” desde tenra idade para priorizar aspetos táticos. É por isso que alguns fantasistas estão a desaparecer, e vão sendo cada vez mais raros, porque também não existem treinadores que deem liberdade a estes artistas para fazer aquilo que lhes é tão natural no seu jogo.

Podia fazer umas quinze equipas diferentes que ainda me iriam faltar jogadores, no entanto, vou apenas fazer um 11, pensado ao detalhe de cada pormenor que vi destes jogadores, da grandeza da sua carreira, daquilo que transportavam para o campo e da saudade que tenho de os ver jogar.

Guarda-redes

Gianluigi Buffon – Podia pôr vários nomes como Neuer, Casillas, Dida ou Kahn, mas quando penso em balizas, peso automaticamente em Gigi Buffon.

Passou quase toda a carreira ao serviço da “velha senhora”, desceu inclusive de divisão com o clube da sua vida, e teve também o seu prime ao serviço da sua Juventus. Já não se fazem cavalheiros como Gigi, que pela sua elegância e classe em campo, o distinguem como o melhor de sempre na minha opinião.

Na sua carreira jogou 1151 jogos, venceu 10 ligas em Itália e foi também campeão do mundo pela “squadra azzurra”. Um autêntico pilar desta posição e uma inspiração que vai perdurar para todo o sempre.

Defesa Direito

Cafú – Nesta posição cabiam outros nomes como Dani Alves, Lahm ou Carvajal, mas Cafú marcou uma geração, tanto no AC Milan como na “canarinha”.

Uma autêntica mota, um jogador com uma postura certinha, estilo militar, mas com muita ginga nos pés, típica de um brasileiro de gema. Quem não adorava Cafú e os seus dribles? Eu certamente que sim.

Defesa Central

Sergio Ramos – Já sei que vão dizer outros nomes, mas para mim Ramos tinha de estar aqui. A sua carreira fala por si, quatro Ligas dos Campeões, dois Campeonatos da Europa, um mundial e muitos mais troféus individuais e colectivos.

Aos 38 anos de idade, ainda se mantém no ativo com toda a sua classe imaculada. Um símbolo de uma geração madridista e também um ícone da “la roja”, para mim talvez o melhor central de todos os tempos, Sergio Ramos.

Defesa Central

Paolo Maldini – Numa lista que fala dos melhores jogadores de sempre a pisar um relvado, era mais que lógico que Paolo Maldini iria estar presente.

Quando falamos de futebol, e mais precisamente da arte de defender, o nome do lendário defesa italiano é sempre o mais falado. Porque será? Será certamente pela classe que espalhava em campo, um defesa de recorte fino, agressivo na medida certa e sempre assertivo nas suas ações.

A sua arte de defender vai perdurar de geração em geração, até que esta disciplina do futebol seja extinta… Um senhor.

Defesa Esquerdo

Roberto Carlos – Era quase sempre à lei da bomba que impunha o seu jogo, sempre, mas sempre pelo corredor esquerdo da defesa, o seu habitat, que o catapultou para o Real Madrid e para o flanco canhoto da canarinha.

Trazia consigo uma potência nunca antes vista, um pulmão inesgotável e uma raça tremenda para ganhar. Roberto Carlos misturava força e colocação em cada um dos seus tiros certeiros, e raramente falhava.

Jogou com os melhores de sempre, talvez porque ele era certamente um deles.

Médio Defensivo

Sergio Busquets – Antes de começar a escrever, gostaria apenas de deixar uma nota: para mim, Rodri consegue ser ainda melhor do que Busquets, parece uma versão melhorada do médio defensivo espanhol que brilhou na Catalunha, ao serviço do Barcelona.

No entanto, e tendo em conta que este artigo é o espaço ideal para eu próprio expressar a minha opinião, não há “trinco” que tenha elevado tanto a sua posição no terreno de jogo como Busquets. Para mim era um poeta que adornava cada lance como se de uma estrofe se tratasse.

Pura classe no corpo de um génio, um poço de talento, técnico e tático, ao serviço de uma das melhores equipas de sempre. Jogava “de cadeirinha”, sempre com um raio de ação curto, mas uma capacidade inata de pautar o jogo a seu belo prazer. Sobre Busquets, irei guardar sempre esta frase de Vicente Del Bosque: “Se olhares para o jogo todo não vês Busquets, mas se olhares para Busquets vês o jogo todo”.

O maestro deste 11: Sergio Busquets.

Médio Centro

Iniesta – A par de Busquets, Iniesta beneficiou das grandes épocas de Barcelona, é certo, mas também contribuiu de forma decisiva para o sucesso da turma catalã.

Podia pôr aqui neste 11 vários nomes, mas para mim, se há nome que faz sentido, é o do craque espanhol. Um autêntico relógio suíço, um box-to-box que levava a equipa para a frente no terreno e que abria o jogo e o campo com movimentos dóceis e leves, numa movimentação constante com e sem bola.

O futebol já sente a sua falta, mas deixou um legado marcante e enorme em todas as gerações e na maneira como se joga futebol hoje, amanhã e depois.

Médio Centro

Zinedine Zidane – Já sei que me vão dizer que Zidane era um “10”, e não um médio centro, mas queria encaixá-lo aqui neste 11, portanto não havia maneira mais lógica de o fazer. Não tenho palavras para o impacto que Zidane teve na sua geração.

Ainda hoje vejo vídeos das suas receções, sempre deliciosas e com um nível de dificuldade quase inatingível. Foi um símbolo do Real Madrid e da seleção francesa, e ficou conhecido pela sua famosa finta, a “roleta de Marselha”, que tão bem executava e deixava os adversários pregados ao relvado.

Dono de um remate forte, uma técnica apurada e também uma capacidade física acima da média, Zidane é um ícone dos relvados e também um dos melhores treinadores que este desporto já viu.

Extremo Direito

Lionel Messi – Sim, sou adepto de Cristiano Ronaldo em detrimento de Messi, no entanto, não significa que não dê o valor que este craque merece.

Apesar de não me identificar especialmente com o seu estilo de jogo, Messi é, para mim, o segundo melhor jogador que alguma vez pisou um relvado, e a sua carreira fala por si. Conseguiu superar algumas limitações físicas que podiam ter anulado o seu tamanho potencial e tornar-se numa estrela planetária, que vive agora os seus últimos suspiros no futebol americano.

Dono de um pé esquerdo absolutamente fabuloso, Messi destruía qualquer adversário direto com fintas desconcertantes e dribles rápidos, que o consagraram como o melhor jogador de sempre o Barcelona e da seleção argentina, à frente de Diego Armando Maradona. Um astro, tocado por Deus.

Extremo Esquerdo

Cristiano Ronaldo – Se lerem os meus artigos sabem o carinho enorme que tenho por CR7. Para mim é um exemplo, dentro e fora de campo, que personifica na perfeição a vontade e a esperança de triunfar na vida e, no seu caso, no futebol.

Fez uma carreira brilhante, espalhou o terror nas defesas adversárias ao longo do tempo, é até hoje o jogador que mais vezes bateu Manuel Neuer, e nunca jogou na Bundesliga… As palavras faltam-me para descrever aquilo que é, aquilo que foi e aquilo que irá ser para sempre, para todo o sempre.

Cristiano é uma lenda viva, a lenda de um menino que saiu de uma ilha muito jovem, que lutou com unhas e dentes pela sua vida e pela sua carreira, e que se consagrou como aquele que é, para mim, o melhor jogador de futebol de sempre. Uma história que fala por si, contada na primeira pessoa pelo menino do Funchal, Cristiano Ronaldo.

Ponta de Lança

Ronaldo Nazário – Ouço constantemente comentários sobre o que Ronaldo poderia ter sido se não fossem as lesões, mas já pararam para pensar no que, mesmo assim, conseguiu ser?

Viveu uma carreira atormentada por problemas físicos em ambos os joelhos, que mataram as hipóteses de ter feito algo ainda mais marcante. Um autêntico “fenómeno”, como assim o apelidaram pela maneira como brincava com os defesas adversários.

Na sua época, não havia oposição para tamanho talento, rapidez, irreverência e técnica, aliadas a um sorriso maroto que sabia perfeitamente o que fazer na cara do guarda-redes.

Quando falamos em goleadores, falamos de Ronaldo, alguém diferente dos demais, alguém especial, enfim… Um fenómeno a terminar este 11.