O mundo ainda procurava adaptar-se à ideia do novo milénio quando um esloveno de 29 anos chegou à cidade do Porto, no verão de 2000. Miran Pavlin, de seu nome, vinha com «selo» de futebol alemão (Dynamo Dresden, SC Freiburg e Karlsruhe), mas tardou a ter os primeiros minutos ao serviço do FC Porto.

Passados 24 anos dessa mudança para a cidade Invicta, o agora diretor técnico da seleção da Eslovénia, que vai defrontar Portugal nos oitavos de final do Campeonato da Europa, esteve à conversa com o zerozero e recordou precisamente os dois anos que passou em Portugal, mostrando também estar a par da atualidade azul e branca.

Da importância de José Mourinho na sua estadia nas Antas aos motivos que retardaram a sua estreia, Pavlin, de 52 anos, fala de André Villas-Boas e Pinto da Costa e expressa um desejo europeu para o FC Porto.

Ver aqui parte I da entrevista a Miran Pavlin

«Espero sempre ver o FC Porto nos quartos da Champions»

zerozero: Ficou adepto do clube? Com que sentimento ficou?

Miran Pavlin: Sempre, sigo tudo! Acompanhei sempre o clube, sou um grande fã. Sei que mudou alguma coisa e estou contente por Villas-Boas.

zz: Seguiu as eleições?

MP: Ele vai ter uma tarefa bonita. Sucedeu ao maior presidente da história do futebol. Do FC Porto eu espero sempre vê-los nos quartos de final da Liga dos Campeões e quero ver o clube ganhar outra vez a prova. Sou o maior adepto do FC Porto, nunca esquecerei esse grande clube.

zz: Está a passar agora por um momento mais complicado.

MP: Eu sei, eu sei. Acompanho muito. Às vezes vou ver jogos europeus, também costumo visitar a cidade algumas vezes. As pessoas são muito simpáticas, sinto-me sempre tão bem... Quando eu olho para trás e penso no que vivi, no FC Porto eu passei os maiores anos da minha carreira. Estarei sempre feliz por ter feito parte do FC Porto.

zz: O Pavlin não estava a jogar na sua segunda época, o Mourinho chegou e meteu-o a titular logo no primeiro jogo, não foi?

qO FC Porto ia buscar jovens jogadores para ganhar dinheiro, para sobreviver. Agora, já consigo ver as coisas
MP: Sim, e eu falhei um penálti! [risos] O José fez algo especial por mim, eu não estava a jogar, ele trouxe-me de volta à equipa e permitiu-me jogar bons jogos, como na Liga dos Campeões. Isso fez com que depois eu fosse ao Mundial da Coreia e Japão. O que posso dizer dele? Foi o melhor treinador do Mundo, a carreira dele depois disso foi fabulosa. Ah, que grandes memórias...

zz: Porque é que estava fora da equipa? Pelo que vimos, jogava na seleção, mas nem um minuto tinha pelo FC Porto naquela época (2001/02).

MP: Depois do Fernando Santos, que me contratou, veio o Octávio Machado. E ele não estava contente comigo. Além disso, o problema era que havia a questão dos extra-comunitários. Agora era fácil, a Eslovénia já está na União Europeia e já não há tantas restrições. Mas naquela altura, lembram-se como era? Só três podiam jogar. Havia Drulovic, Maric e Pavlin. Alenichev, Esnaider, Pizzi e Ibarra. Todas as semanas, lutavas por três posições. Era difícil naquela altura, entendem?

zz: Certo. E não ficou nenhuma mágoa?

MP: Nem por isso. Agora, eu entendo perfeitamente. A parte do negócio... é normal. Eu vinha do Freiburg. Claro que, como jogador, pensava diferente. Não estava contente se não jogasse. Havia coisas boas e coisas não tão boas. O FC Porto ia buscar jovens jogadores para ganhar dinheiro, para sobreviver. Agora, já consigo ver as coisas. E, como já disse, vou sempre estar agradecido e muito orgulhoso por ter feito parte do clube.

zz: Ainda defrontou o Zahovic.

MP: Ele estava no Valência... Não, não, já estava no Benfica. Eu lembro-me. 3-2, foi o Capucho que marcou o golo da vitória. Eu tenho boa memória! [risos].