*com Rodrigo Costa
Após assegurar a recuperação do investimento em Jan-Niklas Beste, que rumou SC Freiburg por oito milhões de euros, o Benfica reforçou o corredor esquerdo da defesa com Samuel Dahl.
Agora concorrente de Álvaro Carreras, o atleta sueco chegou às águias por empréstimo da Roma, num negócio que levou o conjunto português a um investimento de 600 mil euros. A isto junta-se ainda a possibilidade de o Benfica adquirir em definitivo 80 por cento do passe do internacional sueco por dez milhões de euros.
Com um histórico desconhecido para muitos, isto tendo em conta que está a dar os primeiros passos como profissional, Dahl é um conto por desvendar para os adeptos do futebol português. Ainda assim, há muito para conhecer acerca do novo lateral esquerdo do Benfica.
Os primeiros passos em território nórdico
Assim como a maioria dos jogadores, Samuel Dahl deu os primeiros toques na bola no clube da cidade onde cresceu, o Vasteras SK. As épocas foram passando e a qualidade do jogador dentro das quatro linhas foi dando nas vistas, acabando este por reforçar os sub-17 do AIK em 2020.
Figura habitual nos convocados das seleções jovens da Suécia, Dahl chegou mesmo a enfrentar um dos atuais companheiros de equipa, no caso António Silva, numa jogo de sub-16 frente a Portugal.
Dono de uma grande velocidade e com boa capacidade tanto ofensiva como defensiva, o lateral sueco, então com 18 anos, acabou por saltar para a segunda divisão da Suécia pelas portas do Orebro SK, onde fez quatro assistências em 42 jogos.
Após temporada e meia de novamente o salto, mas desta vez para a primeira divisão com o Djurgarden, onde assumiu a titularidade e um papel fulcral no quarto lugar alcançado pela equipa.
A boa campanha do Djurgardem deu visibilidade aos seus jogadores, como se de uma montra repleta de joias se tratasse. E a verdade é que funcionou! No mercado seguinte Lucas Bergvall rumou ao Tottenham, Jacob Zetterström mudou-se para o Derby County e Dahl reforçou a Roma.
Salto para Itália
Apesar de ter rumado a um bom clube europeu por cerca de 4.3 milhões de euros, a passagem pela Cidade Eterna foi complicada.
«Tenho muitas sessões de treino, mas não tenho minutos no relvado. Mesmo assim tenho-me esforçado para estar preparado para quando for a minha vez. Aqui a concorrência pela posição é enorme e tenho de provar o meu valor. Tenho a certeza que depois de ganhar alguns minutos em campo ficará tudo bem encaminhado», explicou o jovem sueco em outubro de 2024, isto após voluntariar-se a jogar com os sub-23 de forma a ter minutos de competição.
Num momento «mais difícil do que o esperado», Dahl abriu-se com os jornais suecos e deu a conhecer a realidade sobre uma posição totalmente coberta por Angeliño: «Sabia que não ia jogar mal chegasse, mas quando ficas sentado no banco semana após semana, fica complicado».
A 10 de novembro, Dahl estreou-se na equipa principal da Roma na derrota por 2-3 frente ao Bologna, num desaire que ditou a demissão do treinador Ivan Juric- o mesmo já havia acontecido com Daniele De Rossi no início da época.
Apesar do «batismo» dentro das quatro linhas, a ação do treinador, «que já previa o desfecho daquele jogo», foi vista como uma traição a Dahl pelos jornalistas desportivos suecos.
«É completamente incompreensível como o colocam nos primeiros minutos de Série A a enfrentar o Riccardo Orsolini, que está numa das melhores fases da carreira. É quase como se Juric tivesse pensado 'Estou farto disto, por isso vou mostrar que tenho um jogador que não dura'», explicou o comentador Siavoush Fallahi ao Football Sunday Europe.
Mas nem tudo nessa estreia foram más notícias....
Lisboa como ponto de redenção
Cerca de uma hora depois de se estrear pela equipa principal da Roma, Dahl ficou surpreso com a chamada do selecionador Jon Dahl Tomasson. Sem dúvidas no momento, fez o que Anthony Elanga não fez- o atacante chegou a recusar chamadas do treinador-, atendeu e aceitou o convite para a seleção (somou a primeira internacionalização em janeiro de 2024).
Junto com Matteo Vinlöf e Jonas Rouhi, o agora reforço dos encarnados integrou o chamado «boom da lateral esquerda», segundo Ludwig Augustinsson, experiente jogador do flanco canhoto da formação sueca.
Com Daniel Svensson e Jón Gudmundsson também na equação, as opções para o corredor esquerdo da Suécia são várias. Dahl, de forma natural, é uma das maiores promessas da posição.
A recente vinda para o campeonato português assume-se como uma possibilidade do atleta, de 21 anos, ressurgir e crescer após um tropeção em Roma. Por seu lado, dá conforto a Bruno Lage na eventualidade de dar rotação a Carreras.
A técnica do novo número 26 das águias e forma como se liga na construção ofensiva poderão ser aspetos importantes para os encarnados. Além disso, a formação da Luz também pode encontrar boa capacidade de desarme e de visão de jogo, aspetos que seguramente serão importantes para Bruno Lage.
Agora, falta perceber como é que Samuel Dahl se vai adaptar ao futebol português e que espaço ocupará nas opções de Bruno Lage. Os adeptos encarnados estão, com quase toda a certeza, curiosos.