Anselmi pediu sangue na guelra e, no cômputo geral, a equipa cumpriu, tendo em conta que a comparação mais recente é aquele assombroso duelo contra o Benfica. A primeira parte foi de grande nível e bastou para dar a vitória ao FC Porto contra o Casa Pia (0-1), com Mora a assumir as lides... domésticas!

Na ressaca do infeliz clássico, Anselmi surpreendeu e remeteu Samu para o banco de suplentes: Deniz Gül foi a aposta inicial. Do outro lado, João Pereira deu a titularidade a Iyad Mohamed, que só tinha 52 minutos na Liga até então.

Antes do apito inicial, nota para as bancadas. Rio Maior, por todas as condicionantes e mais algumas, nunca foi conhecida pelas lotações esgotadas. Ainda assim, o Casa Pia x FC Porto não encheu meia casa. Além disso, o minuto de silêncio em homenagem a Aurélio Pereira não foi respeitado, com alguns assobios e umas palavras feias. Por isso, levam nota negativa, apesar do bom ambiente criado durante o jogo.

Qualidade vem ao de cima

Com o apito inicial, os casapianos começaram atrevidos. São orgulhosos donos de uma dupla de laterais que merece outros patamares - Lelo já está de malas feitas para Braga; enquanto não os atinge, engrandecem este. Larrazabal, irrequieto pela direita, deixou o primeiro par de avisos - um deles obrigou Diogo Costa a uma grande defesa logo a abrir.

Contudo, os lances não passaram de sustos.Assim que o maestro puxou a responsabilidade para si, o jogo mudou. O maestro? Rodrigo Mora.

Solicitado pela esquerda, deu-se ao jogo, apareceu na área, soltou uma roleta e desviou da cara do guarda-redes. Enquanto não marca uma geração, marca ao Casa Pia.

Daí em diante, a primeira parte de Mora foi um tratado. Com o jogo bom - entretido, ritmado e, por vezes, partido -, o jovem português foi ainda melhor e não falhou uma ação, seja a criar e a dar vida ao ataque azul, como no processo defensivo. Já se viu um FC Porto tão dependente de um jogador tão jovem?

Os dragões tiveram meia hora de grande qualidade, onde podiam ter dilatado a vantagem e, quiçá, matado o jogo. Até ao intervalo, o Casa Pia tentou regressar à amostra que apresentou na primeira meia dúzia de minutos, mas não se engane, caro leitor: o 2-0 esteve sempre mais perto que o 1-1.

Tremeliques crónicos

Após 45 minutos francamente bons, sobretudo tendo em conta o último jogo do FC Porto, a dúvida sobre como os dragões se iam apresentar na segunda parte pairava no ar.

Percebia-se o porquê tendo em conta o reatar da partida: não produziram tanto no último terço e, com isso, quebraram.

No sentido oposto, os casapianos, também sem assumirem o controlo do jogo, cresceram e passaram a acreditar, a jogar em zonas mais adiantadas. Sem forçarem muito, obrigaram o adversário a tremer nos últimos minutos - Patrick Sequeira, o guarda-redes, até subiu à área contrária num par de cantos.

Sempre desconfortáveis no segundo tempo - não inferiores, mas menos mandões e seguros -, os azuis e brancos lá foram sobrevivendo até ao apito final.

Com um jogo a mais que o SC Braga, o FC Porto retorna à terceira posição. O Casa Pia, tranquilo na tabela, continua a um ponto de fazer história e de bater a melhor pontuação feita no principal escalão.