Um golo tardio de Sidney Lima permitiu ao Santa Clara atingir os 47 pontos, o melhor registo de sempre do clube na Liga. O cabeceamento certeiro do central impediu também o triunfo do Rio Ave.

Há quem viva uma vida discreta e há quem, por outro lado, tenha a ousadia e coragem para ficar na história. Os bravos açorianos de Vasco Matos desafiaram a história e escreveram mais um capítulo no livro que contará o percurso extraordinário do Santa Clara em 2024/25.

A Europa, corrida para a qual se atrasaram, seria, muito provavelmente, desfecho ideal para um ano inolvidável.

Por sua vez, os vilacondenses voltaram a mostrar sinais de retomas e chegaram aos 33 pontos e têm ainda a possibilidade de superar os 37 pontos do ano anterior, uma das metas traçadas por Petit.

O Santa Clara começou a partida com a corda toda e em oito minutos teve duas boas ocasiões para abrir o marcador. Logo aos 37 segundos (!), Gabriel Silva desperdiçou o 0-1 na cara de Miszta e pouco depois, João Costa atirou a rasar o poste (8m).

O conjunto de Vila do Conde aguentou o ímpeto contrário, serenou e assentou jogo. Aos 23 minutos, os rioavistas tentaram a primeira aproximação à baliza de Gabriel Batista por João Novais e volvidos dois minutos, marcaram. Um lance feliz, diga-se, visto que a receção falhada de Clayton permitiu que a bola chegasse a André Luiz. Mais forte que Matheus Pereira, o brasileiro fez o primeiro golo com a camisola do Rio Ave.

O golo teve o condão de liberar os jogadores vilacondenses, as jogadas passaram a ter fluidez e naturalidade. Foi, por isso, sem surpresas que ameaçaram marcar novamente: Novais obrigou Gabriel Batista a um enorme voo.

Depois de um lance que motivou protestos de penálti ao cair do pano da primeira parte, o Santa Clara entrou com outra disposição para a etapa complementar. Matheus Pereira obrigou Miszta a defesa de recurso por cima da trave (51'). A entrada de Ricardinho para o lugar do discreto Vinícius agitou o ataque insular, mas o efeito esfumou-se à passagem da hora de jogo e por isso, Vasco Matos fez três trocas para espevitar de novo a equipa.

O Rio Ave foi capaz de criar frisson em duas ou três transições, mas apenas por uma vez incomodou Gabriel Batista (80’). Por seu turno, Mistza foi forçado a trabalhos dobrados. Após Gabriel Silva ter errado o alvo num remate forte de fora da área (70’), o polaco agigantou-se para travar um remate traiçoeiro de Adriano Firmino e quando não conseguiu, a trave devolveu a tentativa de Ricardinho (84’).

Raras vezes o futebol é justo. No entanto, este não foi um desses dias. Fez-se justiça no encontro ao minuto 85 quando Sidney Lima, mais alto que Vrousai e Kostoulas, cabeceou para o fundo da baliza o canto de Gabriel Silva.

Os açorianos encheram-se de fé e foram à procura da reviravolta, mas Matheusinho não teve a pontaria afinada nos descontos. Escapou-lhes a vitória, mas o feito histórico já ninguém lhes tira.

As notas do Rio Ave: Miszta (6), João Tomé (4), Ntoi (5), Kostoulas (4), Abbey (5); João Novais (6), Tiknaz (4), João Graça (5) André Luiz (6), Clayton (5), Aguilera (5), Vrousai (4), Ole Pohlmann (5), Martim Neto (4).

As notas do Santa Clara: Gabriel Batista (5), Sidney Lima (7), Guilherme Ramos (4), MT (5), Lucas Soares (4), Adriano Firmino (5), Pedro Ferreira (4), Matheus Pereira (5), Vinícius (4), João Costa (5), Gabriel Silva (5), Ricardinho (6), Wendel Silva (5), Calila (4), Serginho (5) e Matheusinho (4).

As reações dos treinadores

Petit (Rio Ave): O resultado ajusta-se pelo que se passou, mas não estamos satisfeitos com este empate. O jogo foi dividido em duas partes. Podíamos ter feito o 2-0 e matado o jogo ainda antes de sofrermos o empate. O Santa Clara acabou por marcar de bola parada.

Vasco Matos (Santa Clara): É incompreensível os lances que não foram assinalados. Reforço o grande jogo da equipa com imensas oportunidades. Na segunda parte fizemos um excelente jogo e merecíamos os três pontos. Batemos mais um recorde, o registo pontual do Santa Clara na Liga.