Aos 31 anos, Raphael Varane anunciou o final precoce da sua carreira e, agora, pela primeira vez, abordou e explicou o mesmo, tocando nas várias lesões que teve ao longo do tempo e nas dificuldades pela qual passou.

«Sabia que com os 'bleus' tinha terminado. Ainda estava bem fisicamente, mas queria reduzir o ritmo. Além disso, senti claramente a mudança geracional e, aos 29 anos, às vezes sentia-me fora de sintonia. Tenho três filhos e quero passar tempo com eles. A minha filha nasceu no dia seguinte de um El Clásico e no dia seguinte fomos para a Alemanha. E o meu filho viveu esses momentos sem a sua mãe, que estava na clínica, e sem mim, que estava com o Real [Madrid]. Isso marcou-me e doeu-me», começou por dizer, em entrevista ao L'Équipe.

«Ganhares com o teu país é incomparável, mas no princípio nem tudo foi fácil. A minha maior recordação continua a ser o play-off [de acesso ao Mundial'2014] contra a Ucrânia em novembro de 2013. Depois do jogo da primeira mão, estava pronto para abandonar o encontro, porque o meu joelho não me deixava em paz, logo após a minha lesão no menisco. Inchou, fazia calor e depois do desempate, de facto, estive dois meses sem jogar. Nesse dia, claramente arrisquei a minha carreira, mas não me arrependo. Por França, faria sempre tudo de novo», acrescentou.

Varane recordou ainda os tempos de Real Madrid, onde deixou uma mensagem especial a Mourinho, por quem foi treinado: «José Mourinho iniciou algo enorme. Ancelotti conseguiu convertê-lo e depois tivemos a geração dourada no seu apogeu, com Zizou [Zidane] na frente. Mou chamou-me no Lens para que assinasse pelo Madrid. Aprendi muito com ele, ainda que nem sempre estivéssemos de acordo em tudo. Ele entende muito bem os jogadores, sempre os defendeu e sempre assumiu os momentos difíceis.»

«Vou juntar-me ao comité de desenvolvimento do Como. Ainda tenho algo a aportar ao futebol e isso permite-me ver a outra cara do mesmo. Ser um desportista de alto nível é algo muito mais complicado do que as pessoas pensam. Tive a sorte de estar rodeado de gente boa, mas ainda assim foi muito, muito difícil», concluiu, sobre o próximo passo da carreira.