Nos últimos dias, a imprensa internacional foi repetindo que a política tarifária de Trump e a consequente turbulência do mercado, com impacto no sector do luxo, poderia comprometer as negociações da compra da Versace pela Prada, mas as duas marcas acabam de confirmar que o acordo está finalizado. A Prada paga 1.375 milhões de dólares (€1,25 mil milhões) à Capri Holdings e pode finalmente juntar a Versace ao seu portefólio.

O negócio, que junta dois dos nomes maiores da moda de luxo italiana, deve concretizar-se na segunda metade do ano. Fica um pouco abaixo do valor inicialmente anunciado (€1,5 mil milhões), sendo visto pelos analistas como um reforço da posição italiana na moda de luxo, dominada pelos franceses da LVMH, donos da Louis Vuitton e Dior, e é apontado no sector financeiro como “um dos grandes negócios da indústria da moda nos últimos anos” e “um passo estratégico para ganhar escala e diversificar”.

Fundada em 1913, em Milão, e liderada atualmente pelo casal Miuccia Prada e Patrizio Bertelli, a Prada está atualmente a trabalhar na expansão dos seus negócios, onde conta com marcas como a Miu Miu e a Church´s, contrariando o abrandamento do segmento de luxo. O seu valor de mercado ronda os 14 mil milhões de euros.

Já o grupo norte-americano Capri, que detém a Michael Kors e a Jimmy Choo e comprou a Versace em 2018 por 1,8 mil milhões de dólares, viu recentemente a S&P e a Fitch avaliarem a empresa no patamar designado como “lixo”. Isto, depois de em novembro último, a Capri ter falhado a fusão com a Tapestry, dona da Coach, Kate Spade e Stuart Weitzman, devido a questões ligadas à concorrência nos EUA.

Diferenças de estilo

Para os analistas, um dos pontos de interesse nesta aquisição está na diferença de estilos das duas marcas e na possibilidade que isso dá para a Prada, com uma imagem de “elegância discreta”, captar novos segmentos no luxo ao assimilar “o estilo exuberante” da Versace. Outro ponto de interesse será a reação da Armani e da Dolce & Gabbana, duas das poucas empresas italianas que ainda são totalmente familiares e não estão cotadas em bolsa.

Citado pelo jornal italiano “Corriere della Sera”, o presidente e administrador da Prada, Patrizio Bertelli, comentou o negócio afirmando que o grupo “está pronto e bem posicionado para escrever uma nova página na história da Versace, respeitando os valores do grupo”.