Pelo 20º ano consecutivo, o banco Santander, em parceria com o Expresso, tem em curso o Prémio Primus Inter Pares, que tem como objetivo distinguir os jovens líderes do futuro. Os nomes dos cinco finalistas desta edição já foram conhecidos. Os primeiros três classificados vão ter a oportunidade de frequentar um MBA (Master in Business Administration), em Portugal ou no estrangeiro, patrocinado pela própria iniciativa. Ao quarto classificado é oferecido um curso de pós-graduação numa universidade portuguesa.

Este ano, candidataram-se 160 jovens, o número mais alto de sempre. Destes, apenas 107 apresentavam os requisitos mínimos exigidos no regulamento do concurso. Como forma de celebrar os seus 20 anos de existência, a nova edição do Prémio Primus Inter Pares foi alargada aos finalistas de mestrados de todas as áreas de formação académica. Até agora, era dirigido somente aos finalistas de mestrados de Gestão, Economia e Engenharia. O limite de idade de inscrição também foi alargado, passando dos 25 para os 28 anos.

Apesar das alterações no regulamento, a grande maioria dos candidatos inscritos (83%) tinha formação nas áreas de conhecimento até então cobertas pelo Prémio. Ainda assim, é de destacar que houve, ao todo, 15 candidaturas de jovens com formação em áreas como a saúde (8), direito (2), comunicação (2), línguas (1), psicologia (1) e cinema (1).

Os participantes são submetidos a vários testes psicotécnicos e do grupo inicial avançam 24 jovens. Seguidamente, este grupo completou uma série de desafios desenvolvidos pela consultora de recursos humanos Egor. Desde a pandemia de Covid-19 que estes testes têm sido feitos online.

A última etapa destinou-se apenas aos cinco finalistas e consistiu numa entrevista assistida pelo comité de seleção do Prémio: Francisco Pinto Balsemão, presidente do Conselho de Administração do grupo Impresa, Pedro Castro e Almeida, presidente executivo do Banco Santander Portugal; Estela Barbot, international senior advisor da consultora Roland Berger; Raquel Seabra, administradora da empresa Sogrape (e ex-finalista do concurso); Miguel Poiares Maduro, professor universitário no Instituto Universitário Europeu, em Florença, e ex-ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional e António Vitorino, ex-Diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Dos cinco classificados, apenas um poderá escolher um MBA no estrangeiro. Os resultados serão conhecidos a 7 de novembro.

Quem são os cinco finalistas e quais são os seus objetivos pessoais e profissionais?

Os cinco finalistas foram selecionados esta quinta-feira: Carolina Barbeira, com 24 anos e mestrado em Engenharia e Gestão Industrial no Instituto Superior Técnico; Francisco Verdelhos, com 23 anos e mestrado em Engenharia e Gestão Industrial na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; Margarida Rios, com 24 anos e Mestrado em Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais no Instituto Superior de Agronomia; Paula Coimbra, com 27 anos e mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica na área de Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica no Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, e Pedro Rodrigues, com 23 anos e mestrado em Engenharia e Ciências de Dados no Instituto Superior Técnico.

Um grupo bastante distinto, mas que partilha a mesma opinião sobre o concurso: mais do que um impulsionador de carreiras, é uma forma de aprendizagem e autorreflexão.

Carolina Barbeira tomou conhecimento do prémio, “primeiramente através de alguns colegas que participaram em edições anteriores” e depois através de uma publicação do LinkedIn. Ao Expresso confessou que a parte mais difícil de todo o processo foi “a gestão do tempo”. “Não foi fácil, sem dúvida. Procurei ter as coisas todas da tese feitas com alguma antecedência para depois me poder dedicar a 100% ao prémio e não estar a fazer as duas coisas ao mesmo tempo”, admitiu.

Se ganhar, uma das instituições que tem em consideração é o INSEAD, Instituto Europeu de Administração de Empresas. Apesar de gostar de poder ter a oportunidade de estudar fora, reconhece que “Portugal tem alguns MBA bastante bons”. “Tenho essa ambição de ficar em Portugal, mas também vou procurar ao longo da minha carreira ter projetos no estrangeiro para me abrir alguns horizontes”, refere.

Francisco Verdelhos conheceu os prémios “através de um amigo que tinha participado no ano passado”. Para fazer face a todas as exigências, o candidato confessou que houve momentos em que teve de “dormir menos”. Ainda assim, considera que todo o processo foi “extremamente enriquecedor”. “As fases de seleção que fomos passando vão nos proporcionando processos de introspecção que são certamente enriquecedores. É um processo totalmente diferente de outros processos de recrutamento”, comenta.

Tal como Carolina, um dos MBA que tem em vista é o oferecido pelo INSEAD. Se for o vencedor, Francisco pretende “continuar a trabalhar durante mais alguns anos” e só depois usufruir do prémio. O grande objetivo é mais tarde voltar a Portugal, não só para regressar para junto dos pais, como para “retribuir à comunidade” tudo aquilo que lhe foi dado durante o seu “processo formativo, há muitos anos em Portugal”. A longo prazo tem também como ambição voltar à Faculdade de Engenharia do Porto, local onde estudou, mas desta vez como professor.

Ao contrário dos outros finalistas mencionados, Margarida Rios tomou conhecimento da iniciativa diretamente através de um email enviado pelo Santander. Apesar de considerar o processo de seleção “bastante exigente”, o facto de ser naturalmente “uma pessoa bastante organizada” ajudou-a a contornar a falta de tempo. Para a finalista, a iniciativa tem impulsionado a reflexão de cada um, assim como o “autoconhecimento” e o “desenvolvimento de competências”.

Se ganhar o grande prémio, diz que ainda não decidiu qual seria a universidade escolhida. “Assim a curto/médio prazo pretendo continuar em Portugal. O MBA eu tinha gosto de fazer no estrangeiro porque não tive aqui uma oportunidade de fazer Erasmus enquanto estava a estudar”, esclareceu. Atualmente já se encontra a trabalhar na área de engenharia florestal, a sua área de formação, e assim pretende continuar.

Foi no LinkedIn que Pedro Rodrigues conheceu o Prémio Primus Inter Pares. Para o finalista, o processo de seleção dos candidatos é “completamente diferente de um processo de decisão de uma empresa, porque não é técnico”. “É tudo muito mais a nível pessoal. São as minhas características, quem é que eu sou. Numa perspetiva de estarmos a falar de líderes, faz todo o sentido estarmos a perceber quem é que somos, como é que as pessoas lidam com o stress, ou o que é que nós achamos sobre o futuro, o que é que nós queremos fazer, quem é que nós queremos ser”, argumentou.

Quanto à escolha da universidade, no caso de ser o vencedor, Pedro refere que a decisão necessita de ser melhor ponderada, mas que uma das possibilidades é o INSEAD. Atualmente encontra-se a trabalhar na área da inteligência artificial e, no futuro, gostaria de abrir a sua própria empresa.

Paula Coimbra é a única do grupo que vem de um novo curso. A finalista vê com bons olhos as alterações que foram feitas no regulamento de participação. “Nós temos potencial em todas as áreas, mesmo não tendo formação na área da gestão ou da economia. Nós temos ideias para partilhar, negócios que queremos criar e esta oportunidade é ótima para isso”, defende.

Ao contrário dos outros colegas, se ganhar o prémio, Paula quer escolher uma universidade portuguesa. “A minha ideia é mesmo trazer o empreendedorismo e estas oportunidades de formação em Portugal, mostrar aos enfermeiros e aos outros profissionais de saúde que nós podemos desenvolver projetos de negócios e crescimento e tirar proveito daquilo que temos cá”, justificou.

Questionados sobre os fatores que têm levado vários jovens a emigrarem, a resposta é consensual: Portugal tem uma oferta salarial pouco competitiva e atrativa face ao estrangeiro. Contudo, alguns dos jovens destacaram que têm sido tomadas medidas no sentido de atrair os jovens a ficar em Portugal, tendo dois deles destacado o IRS Jovem.