De acordo com o relatório trimestral de inflação divulgado pelo órgão emissor brasileiro, as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país sul-americano foram revisadas para 3,5% em 2024 e 2,1% em 2025.
Embora tenha revisto em alta a previsão para este ano, porque a economia brasileira manteve ritmo forte e acima do esperado no terceiro trimestre, com crescimento de 0,9% de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi mantida a projeção de desaceleração da economia em 2025.
"Permanece a perspetiva de que o crescimento será menor em 2025 do que em 2024 devido ao menor impulso fiscal, à inflexão da política monetária em curso, à redução do grau de ociosidade dos fatores de produção e à ausência de forte impulso externo diante da perspetiva de crescimento global semelhante à deste ano", destacou o banco central.
O relatório também admitiu que a inflação acumulada em 12 meses aumentou de 4,2% em agosto para 4,9% em novembro, acima da meta estabelecida, acrescentando que as expectativas dos analistas económicos para a inflação voltaram a piorar, atingindo 4,6% para 2025 e 4% para 2026, ficando ainda mais distantes da meta de inflação de 3%.
De acordo com Banco Central brasileiro, "essa piora do quadro inflacionário ocorre num cenário de pressão sobre os preços de alguns alimentos, especialmente carnes, de aquecimento da atividade económica e de acentuada alta do dólar".
O relatório pontuou também que em função da materialização de riscos, o cenário para a inflação se mostra mais adverso e menos incerto já que as expectativas de inflação no Brasil estariam desancoradas por muito tempo.
"A inflação de serviços mais resiliente em função da atividade económica aquecida e políticas económicas de impacto inflacionário podem dificultar o controlo da inflação", avaliou o Banco Central.
Por outro lado, o órgão emissor destacou que uma redução mais forte do crescimento económico global ou da inflação mundial poderiam ajudar a reduzir a inflação no Brasil, embora os riscos que dificultariam o controlo da inflação sejam mais fortes do que aqueles que atuariam no sentido contrário.
Na quarta-feira, o Parlamento brasileiro aprovou o Orçamento para 2025, prevendo gastos e receitas do Governo central para o próximo ano, com a meta de atingir défice zero, embora o documento admita uma margem de défice de até 31 mil milhões de reais (4,8 mil milhões de euros) nas contas públicas no próximo ano.
A lei orçamental brasileira indicou que a expectativa do Governo brasileiro para 2025 é de um crescimento da economia de 2,5%. Quanto à inflação, o texto traz uma previsão de inflação em 3,1% no final do próximo ano.
As projeções oficiais sobre o PIB e a inflação para 2025 do Governo brasileiro são mais otimistas do que as estimativas do mercado e do Banco Central.
Além do Banco Central, agentes do mercado preveem um crescimento menor da economia brasileira (2%) e uma inflação de 4,59%.
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