O Bison Bank ultrapassou “um milhão de euros” de lucros no primeiro trimestre, diz o CEO, António Henriques, que se mantém prudente face ao resto do ano devido ao contexto geopolítico. “Já ultrapassámos um milhão de euros, o que é altamente positivo”, afirmou António Henriques em entrevista à Lusa. Ou seja, a instituição já cumpriu metade do objetivo para este ano, que era de dois milhões de euros.

Mas “temos que ter alguma prudência na forma como olhamos para o resultado do primeiro trimestre com o facto atual e real de toda esta guerra internacional que se está a viver. Sem esta guerra internacional (…), estaríamos muito bem colocados para rever em alta, muito brevemente, estes objetivos”, prosseguiu. Naturalmente, “a incerteza que estamos a viver neste momento obriga-nos a ter aqui alguma cautela e, de alguma forma, até a aceitar que, porventura, os últimos meses poderão” ter um desempenho menor do que os primeiros quatro meses deste ano.

Em síntese, o primeiro trimestre “correu alinhado com aquilo que foi o último trimestre de 2024”. Aliás, o ano passado “correu todo bem e sempre com incrementos de ‘performance’ até ao quarto trimestre e o primeiro trimestre de 2025 continuou exatamente com a mesma tendência de consolidação, não dos resultados, mas do nosso modelo de negócio”, salientou. Até porque o Bison Bank tem um modelo de negócio diferente de outros congéneres em Portugal e “precisamos de tempo para ter a certeza que ele fica consolidado e, para nós, cada trimestre que passa em cima da mesma tendência positiva é mais um elemento que nos demonstra o racional e a base, a solidez do plano de negócios que estamos a fazer”, referiu.

Também nestes primeiros três meses registaram-se factos políticos, sociais e económicos a que as empresas não ficaram alheias. “Tivemos dois factos políticos/económicos que sucederam já no final do primeiro trimestre que, de alguma forma, nos obrigam sempre a reponderar o modelo de negócio”, apontou, referindo que um deles foram as eleições antecipadas em Portugal. “Enfim, cada vez que há uma mudança potencial de um governo em Portugal, o mercado internacional abranda um pouco o seu interesse por Portugal”, relembra. O segundo é “claramente o que está a acontecer agora nos Estados Unidos que, de alguma forma, traz uma incerteza não a Portugal, mas mundial e (…) nós, felizmente, beneficiamos indiretamente desse efeito”, referiu António Henriques. Agora, “vamos ver se continuamos a beneficiar sempre, que é pelo facto de, efetivamente, haver muitos americanos a querer sair dos Estados Unidos e, claramente, eles estão a encontrar em Portugal um país com segurança e com o perfil político que eles também não têm nos Estados Unidos”, afirmou.

Quanto ao impacto, “nas tarifas sentimos de forma indireta, por força das ‘yields’ e dos ‘spreads’ de crédito, naturalmente, aumenta o risco, nomeadamente, no longo prazo, isso tem um impacto imediato nos ‘treasuries’ que os bancos possam ter e esse impacto indireto, claramente, observamos, não material, mas observámos, porque nós também temos pouca materialidade investida em ‘treasuries’ dos Estados Unidos”.

Do impacto positivo “de podermos estar a receber mais clientes por força de algum destes episódios, não o sentimos, mas não quer dizer que não esteja lá, porque, efetivamente, mantemos a mesma cadência de entrada de novos clientes e sabemos que esta cadência, o crescimento que nós estamos a ter no número de clientes, não pode ser assim para sempre, senão seríamos um banco muito grande daqui a poucos anos”, referiu. Até porque um dia “vamos começar a assistir a uma descida do número de clientes novos, mas, enfim, o que posso dizer é que esse crescimento se manteve no primeiro trimestre e também já no início do segundo trimestre”.

Relativamente aos resultados de 2024 apresentados nesta quinta-feira, com um resultado líquido de 2,5 milhões de euros, o CEO do Bison Bank classifica-os de “muito bons”, destacando “dois pontos muito relevantes, que de alguma forma suportam a solidez desses resultados”. Por um lado, “o crescimento do número de clientes. Os nossos resultados são muito sustentados por um crescimento grande de clientes e uma manutenção da estrutura de custos em linha com 2018”. Os custos da estrutura ascenderam a 9,7 milhões de euros em 2024, valor que compara com 7,7 milhões de euros em 2023, segundo dados do banco. No final do ano passado, o número de clientes ascendia a 4314, uma subida face aos 3085 registados em 2023. “Estes dois fatores são determinantes mesmo para o crescimento dos próximos anos do Bison Bank”, reforçou António Henriques.

Em 2018 e 2019, “estávamos também em ambiente de taxas de juros negativas, o banco com resultados negativos muito elevados, e aproveitámos exatamente essa altura para refundar o banco do ponto de vista de pessoas, de processos, de sistemas”.

Portanto, “criámos um ‘foundation’ [fundação] muito importante para, assim que começámos a ter negócio, de facto, não precisar de voltar a mexer nos custos de estrutura e então começarmos a fazer o ‘leverage’ [alavancagem] do negócio e é isso que está a acontecer felizmente, com um número maior de clientes do que era a nossa expectativa”, prosseguiu.

“É também sinal de que estamos a fazer um bom trabalho”, considerou o CEO.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT50