O governador do Banco de Portugal voltou a sinalizar esta terça-feira, 25 de fevereiro, que prefere que o Novo Banco seja colocado em bolsa. “Que gostaria de ter mais bancos cotados na bolsa, gostava”, respondeu Mário Centeno na audição parlamentar a que foi chamado para falar sobre o Novo Banco e o fim do mecanismo de capitalização contingente.

“Falamos muito do mercado de capitais, mas depois, quando se apresenta o mercado de capitais, ficamos com receio”, continuou o governador na audição da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

A colocação de capital em Bolsa é a opção que o Novo Banco tem em cima da mesa como cenário preferencial (a Lone Star até já deu ordens para o ir operacionalizando), mas ainda é possível que haja uma venda direta (antes ou até depois dessa operação). Centeno já tinha mostrado a sua preferência pela ida para o mercado, e volta agora a frisá-lo perante os deputados.

A eventual ida para a bolsa pode ser em junho ou setembro, consoante já foi assumido pelo presidente do banco, Mark Bourke.

Consolidação é decidida pelo mercado, não pelas autoridades

“O Banco de Portugal terá de estar atento ao plano de negócios decorrente da venda e as suas consequências sistémicas”, admitiu ainda o governador – tinha sido algo que já referira sobre uma potencial operação de fusão entre o Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos.

Sobre a vontade que o Governo de Luís Montenegro possa ter em relação a essa consolidação, Mário Centeno deixou um aviso: “a consolidação não é determinada pelas autoridades, qualquer que seja, é uma decisão do mercado”. E a Autoridade da Concorrência deve olhar para os fatores de concorrência, e o Banco de Portugal para os riscos sistémicos, repetiu.

O que importa é que o Novo Banco “continue a ser uma instituição capaz de responder aos desafios da economia”. O banco tem uma forte presença no financiamento a empresas, sobretudo PME exportadoras.

De qualquer forma, Centeno frisou que “o interesse que hoje existe no sistema bancário português caracteriza-se por uma situação muito diversa daquela que motivou compras de instituições bancárias em Portugal em 2015, 2016, 2017”, referindo-se à resolução do Banif ou à intervenção do Banco Popular, ambas feitas sem grande investimento do Santander nas aquisições.