
"A mais recente emissão de dívida da Costa do Marfim vai permitir ao país melhorar o perfil de amortização da dívida; as autoridades planeiam usar uma grande parte das verbas para financiar pagamentos vindouros de dívida comercial que vence em 2028 e 2032", disse a Standard & Poor's num comentário enviado aos investidores.
A Costa do Marfim fez na semana passada uma emissão de dívida externa no valor de 1,75 mil milhões de dólares, cerca de 1,62 mil milhões de euros, a que juntou um valor em moeda local que é equivalente a cerca de 335 milhões de euros.
Esta emissão de dívida pública do Senegal, parte da qual foi feita pela primeira vez em moeda local, vai permitir melhorar o perfil de crédito, diz a S&P.
"A mais recente emissão de Eurobonds pela Costa do Marfim é composta de uma emissão de 1,75 mil milhões de dólares e outra de cerca de 335 milhões de euros, denominada em francos centro-africanos (XOF)", o que, diz a S&P, acontece "primeira vez em África".
Ambas as emissões tiveram mais procura que a oferta, com a parte em dólares a ter ofertas de mais de 5 mil milhões de dólares, cerca de 4,6 mil milhões de euros, mostrando o apetite dos investidores por esta emissão, com uma maturidade de 11 anos e uma taxa de juro anual de 6,4%.
A parte emitida em francos centro-africanos recebeu 400 milhões de euros em ofertas, "o que permitiu ao governo aumentar a proposta inicial de 200 milhões de euros", diz a S&P, notando que apesar de a emissão "aumentar a visibilidade do mercado de capital em francos centro-africanos", atrair investidores para o mercado financeiro da União Económica e Monetária da África Ocidental "ainda vai demorar tempo".
Para os analistas desta agência de 'rating' norte-americana, a elevada procura por esta emissão de dívida é resultado das fortes perspetivas económicas, do ímpeto reformista, da consolidação orçamental e da própria pertença à UEMOA.
A S&P prevê que a Costa do Marfim cresça 6,7%, em média, entre 2025 e 2027, com o défice orçamental a melhorar para 3%, face aos 7% registados em 2022.
"As exportações de hidrocarbonetos e mineiras, em rápida aceleração, e a industrialização em curso, vão sustentar o crescimento das exportações e da economia, e pensamos que a gestão proativa da dívida por parte das autoridades continua a melhorar o perfil da dívida do país e a enquadrar os riscos que resultam do volume de dívida", conclui a S&P.
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