"Eu creio que seria um sinal importante do primeiro-ministro, em algum momento, fazer essa ronda com as lideranças políticas dos outros partidos, porque daria seguramente um sinal de interesse e de abertura para que possa haver uma negociação séria, profunda, das questões do Orçamento", afirmou Rui Rocha em declarações aos jornalistas no parlamento, antes do arranque das jornadas parlamentares da Iniciativa Liberal (IL).
O líder da IL disse que o primeiro-ministro "lá saberá" se participará em futuras reuniões, mas reiterou que lhe parece que "seria desejável" que o fizesse.
Questionado se tem tido alguma conversa com Luís Montenegro sobre o Orçamento do Estado, Rui Rocha disse que não tem havido "grandes contactos" e referiu que as negociações têm decorrido "com normalidade".
"Nós temos participado nas reuniões em que o Governo entende que deve incluir os partidos políticos, temos feito os nossos contributos", referiu, acrescentando que a posição do partido "é clara".
"Votaremos o Orçamento com sentido de responsabilidade. Não nos pronunciamos, como fazem outros partidos, antes de o conhecer e, relativamente à posição final da IL, ela está em aberto", salientou.
No entanto, o líder da IL frisou no entanto que tem visto "sinais preocupantes" sobre a via que o Governo pretende seguir sobre a proposta orçamental, designadamente no que se refere a eventuais "cedências ao PS".
"Quando vemos a possibilidade de haver uma cedência ao PS, estamos a ver a possibilidade de ceder naquilo que é fundamental para transformar o país. Portanto, eu creio que os portugueses se manifestaram no sentido da mudança e uma cedência ao PS afasta desse desejo de mudança mas também das posições da IL", frisou.
O líder da IL anunciou ainda que, no final destas jornadas parlamentares, na terça-feira, vai apresentar um "conjunto de medidas" sobre o Orçamento do Estado que irá enviar posteriormente ao Governo.
"Haverá uma posição da IL sobre coisas que consideramos fundamentais e que dividiremos em duas áreas estruturantes: uma de grandes questões - IRS, economia, saúde - e outra de medidas com menor alcance, mas que serão importantes também para as pessoas a quem se podem dirigir", frisou.
Questionado se se sentiria confortável com a eventual convocação de eleições legislativas antecipadas, Rui Rocha frisou que, "se houver um bom Orçamento, se calhar é melhor que não haja eleições", mas reiterou que, até ao momento, ainda não se sabe se será o caso.
"Se se tratar de um Orçamento que prolonga a estagnação económica, a decadência dos serviços públicos, um setor empresarial do Estado sem reforma e sem revisão das suas linhas de atuação fundamentais, de um Estado incapaz de se reformar, eu creio que, para isso, não vale a pena apostarmos numa estabilidade e estagnação política, porque estamos a perder mais tempo", disse.
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