Numa discussão na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, a eurodeputada portuguesa Elisa Ferreira perguntou a Draghi se, "tecnicamente", tinha "a certeza absoluta de que há uma proteção relativamente a riscos de contágio", caso os credores não alcancem um acordo com Atenas que permita à Grécia cumprir os seus pagamentos, pois "pessoalmente" não considerava essa opinião "sólida", tendo o presidente do BCE retorquido que não é aconselhável especular, nem tão pouco é possível fazê-lo.
"Não quero especular, não penso que seja produtivo especular sobre eventuais desenlaces (das negociações), e uma boa razão para não especular é porque estaríamos a entrar em águas desconhecidas" caso o cenário de incumprimento da Grécia se consumasse, respondeu.
Segundo Draghi, há "ferramentas para gerir a situação da melhor forma possível" em caso de eventos significativos inesperados, mas aquilo que seriam "as consequências a médio e longo prazo para a construção e desenho da União, é algo que, hoje, ninguém está em posição de prever ou imaginar".
Na sua intervenção, Elisa Ferreira, porta-voz dos Socialistas Europeus para os Assuntos Económicos, questionou ainda Draghi sobre o papel que o BCE pode desempenhar com vista a tentar desbloquear um acordo entre a Grécia e os seus credores, frisando que "se houver um incumprimento, a zona euro «parte-se»", e tudo devido a um desacordo alegadamente em torno de 2 mil milhões de euros, "o que representa 0,02% do PIB da UE".
Draghi sustentou que o BCE "não é uma instituição política e atua de acordo com regras já existentes", apontando que as decisões devem ser tomadas em sede do Eurogrupo, acrescentando que também é da opinião de que, "neste momento, a bola está do lado das autoridades gregas".
ACC// ATR
Lusa/fim