Segundo a mesma fonte, a Comissão Especializada para a Defesa e Segurança do parlamento da Guiné-Bissau deverá ouvir o ministro do Interior, Botche Candé, o ministro dos Transportes, Augusto Gomes, e a diretora da PJ, Teresa da Silva.
O avião, um Airbus-340, chegou a Bissau no dia 29 de outubro e desde então tem estado parado na zona militar da pista do aeroporto internacional Osvaldo Vieira.
Relatos da imprensa guineense indicam que a Autoridade de Aviação Civil, seguindo ordens do Governo, interditou a descolagem do avião, sem indicar os motivos.
Ainda segundo a imprensa guineense, a tripulação do avião, um piloto, um copiloto e um mecânico, saíram da Guiné-Bissau três dias depois, deixando o aparelho fechado na pista.
Em declarações na terça-feira no parlamento, o deputado José Carlos Monteiro, do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) e que preside à Comissão Especializada para a Área da Defesa e Segurança, afirmou que é preciso "imputar responsabilidade, porque o avião não pode entrar no país sem que se saiba o que trouxe e os que o trouxeram saíram do país".
O deputado falava no hemiciclo depois de na segunda-feira ter realizado juntamente com outros membros daquela comissão uma visita ao aeroporto para se inteirar do assunto.
"Fomos ao aeroporto, com os elementos da minha comissão, e fomos recebidos pelo presidente do Conselho de Administração da Autoridade de Aviação Civil. Disse-nos que na verdade o avião está arrestado", afirmou o deputado.
O deputado referiu que o presidente do Conselho de Administração da Autoridade de Aviação referiu aos responsáveis da comissão que recebeu um pedido de aterragem no aeroporto Osvaldo Vieira de um avião proveniente da Gâmbia e que o "pedido foi feito pelo chefe de gabinete do Presidente da República".
"Ele fez-nos ver que a Autoridade de Aviação Civil só dá anuência para aterragem e descolagem do avião, autorizaram a aterragem. A revista do avião já não é com eles e como era um pedido da presidência foi aceite", afirmou o deputado, citando a resposta do responsável da aviação civil.
"O pedido da Presidência da República referia que o avião vinha cá fazer uma manutenção", disse.
O deputado precisou também que a bordo vinham três pessoas, nomeadamente um piloto, um copiloto e um mecânico, e que os três foram transportados para um hotel da capital e que já não se encontram no país.
"Os três já não se encontram no país, foram tirados do país. É complicado", disse o deputado, partilhando as informações recolhidas junto do presidente da Autoridade de Aviação Civil.
O deputado José Carlos Monteiro explicou que a comissão ainda está a trabalhar no caso.
"Estamos a tratar de um país em que todos nós dissemos não pode haver corrupção, que estamos a lutar contra droga, estamos a lutar contra o trafico de armas, lutamos para que haja legalidade e justiça para toda a gente", afirmou.
O deputado disse também que o presidente da Autoridade de Aviação Civil está a ser "pressionado" e que recebe telefonemas de todos os lados.
"Disse-nos que não tem medo de ninguém, mas estamos preocupados. Não se pode colocar uma pessoa num trabalho de vigiar o país e quando faz o seu trabalho é alvo de ameaças. Isso não é bom", afirmou.
O Governo da Guiné-Bissau anunciou na terça-feira a criação de uma comissão interministerial para esclarecer as circunstâncias da aterragem do Airbus-340 no aeroporto internacional Osvaldo Vieira.
A comissão será composta pelos ministros do Interior, Defesa e Transportes, que a preside, e gabinete do primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam, e deverá apresentar um relatório sobre o caso até sexta-feira.
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