Cerca das 10:30, após a retirada, pela polícia, dos pesados que bloqueavam o acesso, grupos de jovens concentraram-se junto à portagem, tentando impedir a normalização da circulação, com a polícia a realizar vários disparos para desmobilizar nos minutos seguintes, que reagiam atirando pedras, inclusive às viaturas que acediam ao local.
Após a intervenção da polícia, grupos de jovens tentaram repetir o bloqueio no acesso da Matola a Maputo, impedindo camiões de passar, ações contrariadas pela polícia.
Manifestantes cortaram esta manhã por completo, durante mais de uma hora, os acessos à portagem de Maputo, principal entrada e saída da capital moçambicana, com barricadas e veículos pesados atravessados, contestando a retoma de cobrança, após semanas de suspensão devido aos protestos pós-eleitorais.
Após a intervenção da polícia, a circulação começou a ser reposta, mas nas portagens era vísivel que só pagava quem queria, com algumas cancelas abertas.
Desde cerca das 09:00 locais (menos duas horas em Lisboa) que dois camiões estão abandonados na via no sentido Maputo - Matola, com dezenas de manifestantes em protesto, enquanto no sentido contrário um autocarro articulado também foi abandonado, bloqueando totalmente a circulação durante parte da manhã.
Perante um forte reforço policial, incluindo um blindado da Unidade de Intervenção Rápida, os manifestantes queimaram pneus para contestar a retoma na cobrança de portagens na N4, a principal via moçambicana, que liga Maputo à fronteira da África do Sul, explorada pela concessionária sul-africana Trans African Concessions (TRAC), que anunciou que retomaria hoje o pagamento.
Face à dificuldade de circulação, incluindo transportes, centenas de pessoas percorrem a pé o caminho até ao centro da capital, sem qualquer movimento automóvel nas portagens.
A TRAC, que construiu e opera a via rápida com um contrato de 30 anos com o Governo moçambicano, anunciou na quarta-feira que reinicia hoje a cobrança de portagens naquela via, suspensa nas últimas semanas na sequência dos protestos pós-eleitorais.
A informação consta de um anúncio publicado pela TRAC, concessionária da via rápida que liga Tshwane, Gauteng (África do Sul) e o porto de Maputo (Moçambique), através da fronteira de Ressano Garcia.
A fronteira também chegou a ser encerrada em vários períodos, nos últimos meses, devido às manifestações pós-eleitorais.
O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou em dezembro ao não pagamento de portagens no país, sendo que após a destruição e vandalização de algumas cabines de cobrança várias cabines foram fechadas, sem receber pagamentos, incluindo na N4.
Entretanto, num documento publicado na terça-feira com 30 medidas que exige para os próximos 100 dias, Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados oficiais das eleições gerais de 09 de outubro, voltou a apontar a não cobrança de portagens em todo o país como exigência.
"Na N4 as portagens, pelo tempo de vida que já têm, cumpriram com tempo de rentabilidade face ao investimento efetuado", refere no documento, exigindo a extensão do não pagamento de portagens neste período, alegando, também, que em várias vias com portagens no país "não houve consulta pública" sobre essa cobrança e "não se respeitou o princípio da via alternativa".
"Muitas das vias estão em estado desastroso, o que ofende a ideia de benefício de serviços", afirmou.
As manifestações pós-eleitorais em Moçambique, convocadas por Venâncio Mondlane, provocaram desde 21 de outubro 314 mortos e mais de 600 baleados, segundo organizações no terreno, como a plataforma eleitoral Decide, além de confrontos violentos com a polícia, saques e destruição de equipamentos públicos e privados.
Daniel Chapo, candidato presidencial apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), foi declarado vencedor das eleições e tomou posse como quinto Presidente da República em 15 de janeiro.
PVJ // VM
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