Paulo Raimundo participou hoje na manifestação em Lisboa pela habitação, organizada pela plataforma Casa para Viver, e foi questionado sobre o encontro de sexta-feira entre o primeiro-ministro e o líder do PS sobre o Orçamento do Estado para 2025.

"O que o país precisa hoje é do aumento geral e significativo dos salários, do aumento das pensões, de uma resposta ao Serviço Nacional de Saúde e de acabar com as transferências de recursos públicos para aqueles que fazem da doença um negócio. Precisa de uma resposta imediata para a habitação. Daquilo que eu ouvi, nada disso esteve presente nesta chamada negociação", criticou.

Questionado se há divergências artificiais entre o Governo e o PS, respondeu: "O que eu acho é que o nível de gritaria e de adjetivação é muito superior à realidade concreta. É isso é que me parece".

"A vida das pessoas ficou mais uma vez de fora", lamentou.

O secretário-geral do PCP admitiu que as propostas do Governo para o IRS jovem e IRC -- que o líder do PS recusa -- são "completamente desastrosas", mas insistiu que "a vida das pessoas está muito para lá disso".

"E é isso que estamos aqui a exigir. Habitação, saúde, salários, pensões, acesso a creches, professores nas escolas. É isto que a maioria das pessoas precisa. O resto, cada um tem que assumir as suas responsabilidades", disse.

Questionado se deve haver eleições caso o Governo não seja capaz de fazer aprovar o seu Orçamento, o secretário-geral do PCP reiterou a posição que tem exprimido nos últimos dias.

"Nós fomos confrontados com essa situação há dois anos. E há dois anos aquilo que nós dissemos foi que, independentemente do Governo, do orçamento ter sido chumbado, que a única solução não era a solução imediata para as eleições. O Presidente da República, na altura, entendeu que o único caminho era esse", disse.

Por isso, "perante factos iguais, muito semelhantes e com estruturas muito semelhantes", o líder do PCP considerou que Marcelo Rebelo de Sousa "dificilmente encontrará razões para que não faça aquilo que fez há dois anos atrás", ou seja, convocar legislativas antecipadas.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, reuniram-se pela primeira vez na sexta-feira para negociar o Orçamento do Estado para 2025, num encontro que terminou com posições aparentemente distantes mas sem rutura do processo negocial.

Depois do fim do encontro, o secretário-geral do PS afirmou que recusa um Orçamento do Estado com as alterações ao IRS Jovem e IRC propostas pelo Governo ou qualquer modelação dessas medidas.

Pouco depois, Luís Montenegro classificava de "radical e inflexível" a proposta de Pedro Nuno Santos, mas prometeu que, na próxima semana, iria apresentar uma contraproposta aos socialistas numa "tentativa de aproximar posições".

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Lusa/fim