O sector da distribuição de viagens em Portugal “atravessa porventura o melhor momento de sempre, se falarmos de vendas, de recuperação de balanços, de resultados ou de remunerações pagas”, salientou Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT) no congresso da associação, que começou esta quinta-feira em Huelva, Espanha, e decorre até 26 de outubro.

“Considerando os efeitos diretos, indiretos e induzidos, o valor económico da distribuição turística, reportado a 2022, superou os 5,8 mil milhões de euros”, realçou o presidente da APAVT, citando um estudo realizado pela consultora EY.

O valor gerado pelo sector das viagens em Portugal “corresponde a 2,8% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) nacional e foi responsável por 126.000 postos de trabalho, 2,6% do emprego em Portugal”, detalhou Pedro Costa Ferreira.

O responsável da associação de agências de viagens salientou ainda que “associado ao crescimento do valor económico, o impacto do agregado da distribuição turística nas remunerações também aumentou significativamente face a 2019, atingindo praticamente 4 mil milhões de euros, valor que representa cerca de 3,5% do total nacional”.

Mas “um sector que cresce e é responsável por metade do crescimento do nosso país” também está a ser “muito atacado pelas más razões, que temos de impedir que se transformem em narrativas normalizadas”, realçou Costa Ferreira, referindo-se ao discurso crescente sobre excesso de turismo.

E adiantou que a APAVT está “focada em construir com as câmaras municipais” um trabalho conjunto que visa “corrigir eventuais erros” e com o objetivo de “construir uma mobilidade que não exclua ninguém”.

Apelo a “maior cooperação entre Portugal e Espanha”

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, realçou, no congresso da APAVT em Huelva, que “o maior destino do mundo é a Península Ibérica”.

“Se numa Europa somos concorrentes, quando nos referimos a mercados de longa distância, como o norte-americano ou o chinês, temos de ser aliados”, notou Francisco Calheiros.

“Todos ganhamos se houver uma maior cooperação entre Portugal e Espanha”, concluiu o presidente da confederação do turismo, pondo a tónica também no tema da ferrovia, advertindo que o tema se arrisca a “tornar-se num aeroporto II, pois nada se decide”.

Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo, garantiu, do lado do Governo, “a vontade de trabalhar em conjunto com Espanha, conforme ficou expresso na última cimeira ibérica”.

“Ficou assumido entre os dois governos que Portugal e Espanha são a maior placa recetora que o mundo conhece em matéria de turismo”, salientou Pedro Machado, adiantando estarem em curso “projetos de cooperação ibérica, por exemplo ao nível dos castelos de fronteira”, da gastronomia ou do património, e pondo a tónica na “capacidade enorme que nós temos, em Portugal e Espanha, de nos projetarmos a nível internacional”.