"A União Europeia (UE) é muito má para nós. Tratam-nos muito mal. Não aceitam os nossos automóveis nem os nossos produtos agrícolas. De facto, não aceitam muita coisa", disse o Presidente dos Estados Unidos, acrescentando que, por isso, serão alvos de tarifas.

Questionado pela imprensa na Casa Branca, Trump garantiu ainda que a sua administração está a discutir "tarifas de 10% sobre os produtos chineses, porque eles enviam [o opióide] fentanil para o México e Canadá", que acaba por ser consumido nos Estados Unidos.

"É provavelmente para 01 de fevereiro", acrescentou Donald Trump, dia que corresponde à data anunciada na véspera para a aplicação de tarifas de 25% sobre os produtos mexicanos e canadianos.

A China reagiu hoje, afirmando estar "firmemente determinada" a "defender os seus interesses nacionais".

"Sempre acreditámos que não há vencedores numa guerra comercial ou numa guerra tarifária", declarou Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa.

A Presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, que participou no Fórum Económico de Davos, na Suíça, na terça-feira, garantiu que a Europa está pronta para falar com o governo dos Estados Unidos, lembrando que Washington é um importante parceiro comercial.

A nossa primeira prioridade é iniciar rapidamente as conversações sobre os nossos interesses comuns e estarmos prontos para negociar", afirmou: "Seremos pragmáticos, mas manter-nos-emos firmes nos nossos princípios: defender os nossos interesses e respeitar os nossos valores", afirmou a líder europeia.

"A Europa continuará a defender a cooperação, não só com os nossos amigos de longa data (...) mas também com todos os países com os quais temos interesses comuns", acrescentou von der Leyen.

"A nossa mensagem para o resto do mundo é simples: estamos prontos para dialogar convosco, se isso puder conduzir a benefícios mútuos", acrescentou, assegurando que pretende "aprofundar" as relações entre Bruxelas e Pequim.

Durante a sua campanha presidencial, Trump já tinha denunciado o défice comercial dos Estados Unidos em relação à UE, comparando o bloco a "uma pequena China" e acusando-o de se aproveitar da primeira potência económica mundial.

"Temos um défice comercial com a UE de 350 mil milhões de dólares", insistiu na terça-feira, referindoque "a China é agressiva, mas não é só a China, outros países também são grandes agressores".

O défice comercial dos EUA com a UE ascenderá a 131 mil milhões de dólares em 2023, de acordo com dados do Representante Comercial da Casa Branca (USTR), e está concentrado principalmente em quatro países: Alemanha, França, Irlanda e Itália.

Mas as causas variam: o défice comercial com a Alemanha é sobretudo de natureza industrial, enquanto o da Irlanda está em grande parte ligado ao facto de as sedes europeias de grandes grupos americanos estarem sediadas na ilha, que aproveitam um sistema fiscal altamente vantajoso para reduzirem os seus impostos, tanto no resto da Europa como nos Estados Unidos.

Antes de ser reeleito, Donald Trump já tinha ameaçado a UE com a imposição de direitos aduaneiros sobre os produtos europeus, a menos que o bloco aumentasse as suas compras de petróleo e gás americanos.

O Comissário Europeu para a Economia, Valdis Dombrovskis, garantiu na segunda-feira, após a tomada de posse de Trump, que a UE está "pronta a defender os seus interesses económicos", como já fez "durante a primeira administração Trump, quando introduziu tarifas sobre o aço e o alumínio".

No seu primeiro mandato, o Presidente dos Estados Unidos impôs direitos aduaneiros sobre o aço e o alumínio para proteger a indústria americana, que considerava estar a enfrentar a concorrência desleal dos países asiáticos e europeus, assim como sobre uma série de produtos europeus, em represália pelo diferendo comercial entre Washington e Bruxelas sobre as subvenções concedidas aos construtores aeronáuticos Boeing e Airbus.

APL //APN

Lusa/Fim