
O braço de ferro entre o UBS e as autoridades suíças prossegue. O banco que comprou o falido Credit Suisse tem-se visto a braços com a vontade política de garantir maior segurança no sistema financeiro e está a tentar contornar os objetivos dos governantes. Assim, o UBS está agora a tentar limitar o peso da sua banca de investimento no negócio, ao mesmo tempo que oferece algum capital extra, avança a Agência Reuters, citando fontes próximas do processo.
A discussão sobre a dimensão do UBS após a aquisição do Credit Suisse tem-se adensado e o receio do impacto do colapso de uma instituição deste tamanho assombra o país, especialmente se se tiver em conta o resgate estatal pelo qual o banco já passou no passado, como recorda a Reuters. Segundo a agência de notícias, o UBS está a oferecer garantias aos reguladores, de forma a evitar o que se estima serem perto de 37 mil milhões de euros em reservas de capital adicionais em comparação com o período antes da aquisição.
Este é o montante que surge após a Reuters consultar uma apresentação aos legisladores que pretende colocar as provisões por participação em entidades estrangeiras em 100% em vez dos atuais 60%, como defende o regulador financeiro do país, FINMA.
De acordo com duas fontes próximas do processo, o UBS está disposto a colocar um teto no peso da banca de investimento no seu negócio – um máximo de 30%, sendo que o banco tem agora 21% – por esta ser a área com os ativos que implicam mais risco. Em 2008, altura em que o banco suíço necessitou de uma intervenção estatal, recorda a Reuters, esta divisão do banco representava quase dois terços do ativo.
O UBS espera necessitar de um capital adicional de 17,5 mil milhões de euros, fruto da compra do Credit Suisse. Segundo duas fontes da Reuters, o banco está pronto para colocar mais 4,62 mil milhões de euros em cima da mesa. Uma fonte oficial do banco, citada pela Reuters, assegurou que o banco está de acordo com o princípio do Governo em querer fortalecer a estabilidade financeira, desde que não colocassem “cargas desproporcionais” na instituição. A mesma fonte acrescentou ainda que “o UBS já é dos bancos mais bem capitalizados a nível mundial”.
Entretanto, de acordo com a Reuters, o banco encontra-se a analisar todas as opções, incluindo a mudança da sede do UBS. Na semana passada, questionado sobre esta possibilidade, fonte oficial do banco apontou para uma entrevista do CEO, Sergio Ermotti, à Bloomberg, em janeiro, em que este apontava tal coisa como um tópico que nem considerava, o que a Reuters corrobora, de acordo com duas fontes suas.
Do lado de Ermotti, este é citado num memorando que o próprio publicou e no qual lamenta que o maior obstáculo ao sucesso do desafio do Credit Suisse sejam exatamente as mesmas autoridades que lho propuseram.
Um analista bancário do Luzerner Kantonalbank, Daniel Bosshard, considerou, em declarações à Agência Reuters, que um teto neste campo de atuação pode ser uma negociação aceitável para ambas as partes. Contudo, ressalvou que a solução para esta situação não vai surgir “do dia para a noite” e vai causar “incerteza” até lá.