O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) considera que o setor bancário tem um papel determinante na manutenção da estabilidade de um país. “A experiência recente mostra que a banca é e deve continuar a ser um parceiro estratégico do Estado e da sociedade”, refere Vítor Bento num artigo publicado, nesta segunda-feira, na página de LinkedIn da APB. E acrescenta: “Seja em contextos de pandemia, de inflação elevada ou de alterações nas condições de financiamento, o setor bancário tem dado provas de que sabe estar presente quando mais é necessário. O futuro exigirá essa mesma capacidade de resposta e compromisso com o bem comum”.

O presidente da APB sublinha que em períodos de instabilidade económica o setor bancário tem demonstrado ser um “mitigador dos impactos adversos” dessa instabilidade nas famílias, nas empresas e no próprio Estado, dando como exemplo o caso da pandemia de COVID-19 e, mais recentemente, da escalada da inflação e consequente subida das taxas de juro. Vítor bento destaca, nestas situações, a cooperação com as autoridades na preparação e implementação de políticas públicas e o desenvolvendo iniciativas próprias para “suavizar e diluir no tempo os impactos de crises profundas”.

Na sua perspetiva, durante a pandemia, os bancos foram “um dos principais canais de resposta às dificuldades sentidas pela economia”. Destaca que Portugal foi o país da União Europeia com maior percentagem de moratórias de crédito: 31,6% da carteira de crédito das empresas (correspondendo a 25,2 mil milhões de euros) e 17,7% do crédito a particulares (representando 21,1 mil milhões de euros) beneficiaram destas medidas, largamente acima da média europeia. “As moratórias permitiram adiar o pagamento de capital e/ou juros, aliviando a pressão sobre empresas, famílias e o sector social”, recorda.

Na altura foram também criadas linhas de crédito com garantia pública, inicialmente destinadas a setores particularmente afetados pela pandemia e posteriormente alargadas à globalidade do tecido empresarial português. “Com condições especiais de financiamento e prazos alargados, estas linhas foram fundamentais para garantir liquidez e preservar postos de trabalho”, refere, destacando que houve medidas públicas e privadas. E ainda serviu de apoio ao Estado. “Este esforço conjunto foi decisivo para proteger o tecido económico e social. E, além do impacto direto nas entidades apoiadas, estas iniciativas permitiram ainda ao Estado resguardar-se de agravar a sua própria vulnerabilidade financeira, envolvendo-se menos do que aconteceu noutros países”, refere no artigo.

Vitor bento faz este regresso ao passado e volta ao presente para continuar a exemplificar o apoio do setor bancário à sociedade. “Aquando do recente surto inflacionista e consequente aperto da política monetária, o setor bancário teve, mais uma vez, um papel ativo na mitigação dos efeitos sociais da crise. Teve uma participação intensa na preparação e lançamento de medidas criadas pelo Governo. Exemplo disso foi a criação de regimes de apoio extraordinário à renegociação de créditos, de bonificação temporária de juros no crédito à habitação, ambos operacionalizados com o apoio da banca”, assinala Vítor Bento.

O presidente da APB destaca que o papel ativo do setor bancário só é possível por este estar “mais sólido e resiliente”. Nomeadamente, o rácio médio de Common Equity Tier 1, que mede a robustez do capital dos bancos, aumentou de 11,3% em 2014 para 18% em 2024, “valor historicamente elevado”. Também a solidez se verifica na redução do rácio de NPL (empréstimos não produtivos) de 17,9% em junho de 2016 (quando atingiram um pico) para 2,4% em dezembro de 2024 (últimos dados disponíveis). “Este reforço da firmeza financeira tornou os bancos mais resilientes a crises económicas. Os bancos têm hoje uma capacidade reforçada para absorver riscos, assegurando a estabilidade financeira. Por isso, podem prestar um maior apoio à economia, permitindo o financiamento contínuo a empresas e famílias, mesmo em períodos de incerteza”, assinala Vítor Bento.