"Primaveras Estudantis: da Crise de 1962 ao 25 de Abril" ficará patente no átrio principal do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), no âmbito das comemorações do cinquentenário do golpe militar que derrubou a ditadura em Portugal.

A Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril assinala desta forma o dia que presta homenagem aos estudantes e que viria a ser promulgado pela Assembleia da República em 1987.

No site dedicado às comemorações será publicada uma versão revista e ampliada do dossier que a Comissão preparou sobre o tema, com informações e fotografias dos momentos mais marcantes daquele período.

Manifestações, greves às aulas, confrontos com a polícia e uma greve de fome deixaram a marca dos estudantes na luta pela liberdade.

"Quando o Estado Novo tentou retirar qualquer margem de autonomia às associações de estudantes, com o decreto-lei 40.900, de 1956, que visava limitar as suas atividades e regular a sua representatividade, estava a passar uma mensagem clara. A liberdade dos estudantes era problemática para a ditadura", assim apresenta o tema a Comissão no dossier dedicado às lutas estudantis.

O decreto que acalentou a ira dos estudantes determinava que nenhuma organização podia "iniciar ou manter relações com organismos internacionais ou de outro país", a não ser "por intermédio dos competentes serviços do Ministério da Educação Nacional".

No meio do combate à oposição ao regime, foi ilegalizado o MUD-Juvenil, que desenvolveu ações de luta contra a ditadura entre 1947 e 1948.

A rejeição do decreto por parte dos estudantes originou algum recuo do regime, mas o movimento estudantil prosseguiu a marcha e em 1962 a proibição do Dia do Estudante desencadeou "a mais longa contestação estudantil ao Estado Novo".

É este percurso que a exposição revisita, com alguns dos protagonistas em destaque.

As cargas policiais e a violência usada perante protestos moderados serviram, de acordo com os documentos, para despertar consciências, marcando uma rutura com o regime protagonizada por estudantes e professores universitários.

Vários desses acontecimentos estão documentados em fotos.

Na sequência dos confrontos e da ocupação policial de espaços académicos, as associações de estudantes de Lisboa e de Coimbra declararam a 26 de março o "luto académico", que implicava greve às aulas.

Em abril, o ministro da Presidência, Correia de Oliveira, concedeu uma audiência, que acabaria por alimentar a revolta, ao limita-se a ler uma declaração escrita para dizer aos estudantes: "O poder não deve ser desafiado, porque não pode ser vencido".

A luta radicalizou-se com uma greve de fome, movimentações, prisões e perseguições pela PIDE, até o poder ser vencido em 25 de abril de 1974.