
Os centenários de Pierre Boulez (1925-2016) e de Luciano Berio (1925-2003), que marcaram a expressão contemporânea na segunda metade do século XX, são lembrados na programação, assim como os 150 anos de Maurice Ravel (1875-1937), o criador de "Bolero", com a modernidade da sua obra, conforme o programa divulgado pela associação Arte no Tempo, organizadora dos Reencontros bienais, que nesta quinta edição também apresentará as suas primeiras edições discográficas.
O compositor italo-suíço Oscar Bianchi terá obra interpretada e coordenará um seminário, enquanto o pianista e regente Carlos Lopes, nascido em Guimarães há 30 anos, irá dirigir um estágio de interpretação, assim como a Orquestra das Beiras na estreia do Concerto para piano de Inés Badalo, a compositora mais interpretada nestes Reencontros.
O concerto de abertura, no dia 15, cabe ao trio de percussão Taleae, formado por Afonso Primo, Lourenço Oliveira e Pedro Leitão, com um programa composto por obras de Ricardo Ribeiro, Pedro Berardinelli, Inés Badalo, e pela estreia absoluta de uma peça de Luís Antunes Pena, dedicada ao trio.
"O primeiro fim de semana aponta para o futuro" da música, lê-se no dossier de apresentação da Arte no Tempo. Por isso também há obras de Johann Sebastian Bach, Robert Schumann, Claude Debussy e Igor Stravinsky.
O violoncelista Gonçalo Lélis, do ensemble ars ad hoc e da Orquestra Gulbenkian, demonstrará como se articulam os universos de Helmut Lachenmann, Isabel Soveral, Joanna Bailie e Bach num mesmo programa, e o Re:flexus Trio estreia uma obra de Nádia Carvalho, num alinhamento que inclui o trio de Gyorgy Kurtág de "Homenagem a Schumann", sobre o Trio do compositor alemão que também será interpretado.
O concerto comentado para famílias, pelo ars ad hoc ensemble, vai reunir obras de Debussy, Stravinsky, Clara Iannotta, José Manuel López López e Pedro Berardinelli. No âmbito do estágio "Nova Música para Novos Músicos", dirigido por Carlos Lopes, será estreada um obra para conjunto e electrónica de João Moreira.
O fim de semana de abertura inclui ainda a apresentação do novo álbum do percussionista Nuno Aroso, com o coletivo Clamat, que inclui cinco obras de João Pedro Oliveira. Este álbum inaugura a edição discográfica da Arte no Tempo, que terá continuidade com um disco já gravado pelo ars ad hoc ensemble.
O segundo e último fim de semana de concertos, a partir de 22 de maio, concentra efemérides.
O saxofonista Luís Salomé interpretará Pierre Boulez e Luciano Berio com obras de Inés Badalo e João Moreira (em estreia); a Orquestra das Beiras, dirigida por Carlos Lopes, interpretará Ravel, Stravinsky e estreará o Concerto de Inés Badalo, em versão para orquestra de câmara, com João Casimiro Almeida como solista; e o Art'Ventus Quintet juntará um dos quintetos para sopros de Berio à música de Luís Carvalho, Marta Domingues e Michele Allegro, que estreia nova obra.
A programação final dos Reencontros inclui ainda o grupo alemão hand werk, em obras de Francesco Filidei, Natacha Diels, Michael Maierhof, Saad Haddad, Sarah Nemtsov e Inés Badalo; e o ars ad hoc, grupo de música de câmara da Arte no Tempo, que encerra a bienal com um programa de quarteto de cordas dedicado aos compositores Mariana Vieira, Isabel Soveral e Oscar Bianchi.
Os Reencontros de Música Contemporânea completam-se com um seminário de Oscar Bianchi e uma caminhada aural, com sons ambiente por guia, concebida por Tomás Quintais.
A programação pode ser consultada no 'site' e nas redes sociais da Arte no Tempo, assim como os locais dos concertos, que se repartem sobretudo pelas salas do Teatro Aveirense, mas também pela Igreja das Carmelitas, a praça Joaquim Melo Freitas e a Universidade de Aveiro.