Pedro Chagas Freitas pode descansar porque está em casa com o filho Benjamim “mesmo que seja por poucos dias”. recorde-se que o menino foi diagnosticado com uma doença rara e que inclusivamente já fez um transplante de fígado.
Este sábado, 24 de agosto, o pequeno Benjamim regressou a casa: “Três meses depois, a liberdade. Pode ser apenas por alguns dias, mas vai saber pela vida toda”.
— Pai, há pessoas más?
— Não sei. O que te parece?
— Acho que não. Acho que só há pessoas que fazem escolhas más.Tivemos este diálogo há uns bons dias e apeteceu-me logo escrever sobre ele. Não o fiz. Talvez porque tivesse de escrevê-lo agora, que te vejo a dormir, no sofá, abraçado à tua mãe. Estamos, mesmo que seja por poucos dias, outra vez em casa. As palavras ficam pequenas para o que este regresso fez em nós. Quero recordar este diálogo para agradecer. Agradecer a todas as pessoas que, por aqui, por esta via, a única que tinham para te seguirem os passos, criaram uma corrente de amor que levou tudo à frente. Foste tu que a criaste, claro, mas foram estas pessoas todas que agora lêem este texto que todos os dias, sempre sempre sempre, vinham aqui deixar a sua força, a sua energia, as suas preces. Obrigado a todos, todos, todos. Todos estiveram contigo, num momento que não queríamos viver, que ninguém merece viver, mas que nos trouxe tantas coisas boas. Entre estas pessoas, estarão certamente muitas que fizeram escolhas más. Eu sou uma delas. Falhei muitas vezes, tomei a opção errada muitas vezes. Peço desculpa a quem possa ter magoado com isso. Peço mesmo, profundamente. Não é por isso que sou uma má pessoa, não é por isso que todos os que estão a ler agora estas palavras são más pessoas. Foi a lição que me ensinaste nesse dia. Fica aqui registada agora, que limpo as lágrimas enquanto vejo como te enroscas nos ombros da tua mãe. Amo-vos. Só peço que este seja o começo de uma segunda oportunidade, um regresso à origem, uma nova vida. Dêem-nos isso, permitam-nos isso, só isso, pode ser?
P.S.: na imagem, estávamos quase a sair do hospital. Éramos cinco: tu, a tua mãe, eu — e os dois peluches gigantes (o Sapo Benjamim e o tigre Tigão) que nunca te deixaram sozinho. O outro, o pinguim Alfredo, já tinha ido no dia anterior, para preparar a casa. Fica aqui um agradecimento também para eles.