Pedro Chagas Freitas voltou a partilhar nas suas redes sociais sobre o filho Benjamim que continua no hospital. Desta vez, deixou também algumas palavras para a sua esposa Bárbara.
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Eis o desabafo:
Escrevo a ver o meu filho ao colo da minha mulher, na poltrona do quarto do hospital. Estão abraçados, descansados sobre o amor que os junta, inseparáveis há mais de seis anos, uma vida inteira um no outro. Não sei se haverá felicidade mais profunda do que esta, suspeito que não. O amor é uma viagem absurda. É o que nos faz viver, e pode ser o que nos mata. Depende do que fazemos com ele, do que a própria vida nos faz com ele. O que faz em nós não tem comparação, não tem solução, não tem fuga. Não se foge de quem se ama assim, e ainda bem. Escrevo devagar, as teclas suaves, para não incomodar. A maneira como colam os rostos, as mãos de um na mão do outro. Amo tanto estas duas pessoas. Pode haver quem diga que deveria ser proibido amar assim. Eu digo que deveria ser proibido não amar assim. O perigo não está no amor, só na sua falta. O risco é corrido por quem ama, mas existir é amar, quem não sabe disso não sabe nada. Respiram os dois a compasso, afinados. Bastava-me ter visto esta imagem uma vez na vida para toda a vida ter valido a pena. Queria vê-la todos os dias, só isso. Para sempre, pode ser? A cara do Benjamim encostada à máscara da Bárbara, na ternura possível por estes dias. Não sei se choro mesmo lágrimas, mas choro estas letras, já me libertam um pouco. Amo tanto estas duas pessoas. Quando penso na possibilidade de perder alguma delas, há uma amputação emocional em mim, deixo de ser quem sou, tremo, transpiro, choro. Amo tanto estas duas pessoas. Deitadas na poltrona do quarto do hospital, apaixono-me outra vez por estas duas pessoas, até a maneira como respiram me faz amá-las mais. O Benjamim teve um dia activo, com aquilo que parecem ser bons passos em frente. Vamos esperar que sim. Poderia escrever páginas e páginas sobre a forma como a imagem que tenho à minha frente me faz sentir uma pessoa completa, mais pessoa do que nunca, mas prefiro parar por aqui. Não quero correr o risco de acordá-los, sim?