Pepe, colega e amigo de Cristiano Ronaldo, recordou o percurso ao lado do capitão da Seleção Nacional e uma amizade de quase duas décadas em entrevista à Renascença no dia em que se comemoram os 40 anos de Ronaldo.

Questionando se quando se cruzaram na Academia em Alcochete os dois esperavam marcar uma geração na Europa, o internacional português começou por dizer: “É assim, nós estávamos em busca dos nossos sonhos, não é? É engraçado, nós estávamos na pré-temporada, fazíamos treinos bidiários e quem já esteve na academia do Sporting sabe como são os quartos. Tem uma entrada e divide-se para dois quartos. E eu, inclusivamente, fiquei ao lado do Cris na academia“.

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“Muito trabalho, muita dedicação”

“No primeiro dia, nós treinávamos de manhã, almoçávamos e tínhamos aquela hora de descanso para o treino da tarde. Era às quatro ou cinco horas, e às duas e meia ouvia a porta sempre a bater. Ele saiu do quarto um dia, dois dias, no terceiro dia fui ver e estava ele a sair do quarto, a comer uma pêra e a dizer assim: “Vou ao ginásio, queres vir?” [risos]. E eu assim: “Como…?” [risos]. E, claro, isso já demonstra o que ele queria. Muita gente pode dizer que é sorte, mas não, é por muito trabalho, muita dedicação. E pronto, a partir daí começou a nossa relação” continuou.

Já naquela época Ronaldo era visto com entusiasmo, Pepe explicou: “Eu já tinha alguns jogos pelo Marítimo. Ele estava a começar, era aquela sensação do campeonato, todos nós queríamos vê-lo a jogar, até pela irreverência que tinha, a maneira como encarava os adversários e o forte que era para a idade que tinha. Era um jogador forte, já com muita técnica também e que estava saindo daquele paradigma dos jogadores, ou tinham muita qualidade ou eram muito fortes. Ele conciliava as duas coisas. Era muito rápido também. Tanto é, que aquele golo contra o Moreirense, que eu acho que foi o primeiro golo dele, demonstra muito isso, a força e também a qualidade que ele já tinha”.

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“A partir daí já não me lembro de mais nada”

Das oito épocas em comum no Real Madrid, o ex-jogador do Futebol Clube do Porto recorda um momento em particular: “Foi no primeiro jogo do campeonato contra o Valência. Eu recebi uma pancada do Iker [Casillas], abri a cabeça e fui para o hospital. Ainda entrei no jogo [antes disso]. Faltavam cinco minutos, entrei depois do intervalo e, pronto, a partir daí já não me lembro de mais nada“.

“Lembro-me que, quando acordei no dia seguinte no hospital, estava ainda com o equipamento do Real Madrid amarrado na cama. Depois, ia perguntar à minha família o que tinha acontecido, à minha mulher, que estava a cinco dias de ter a minha filha mais velha, que é a Angeli, e na notícia vejo que o Cris tinha estado lá no hospital (…) O Cris esteve lá a noite praticamente toda comigo, com os meus familiares. Comigo não, com os meus familiares, porque eu estava no quarto. Mas ele esteve lá, dando força e alguns comentários que ele fez só demonstram o carinho que temos um pelo outro“, acrescentou também.

Sobre o abraço na derrota nos penáltis contra a França no último europeu, Pepe respondeu se sentiu que era o último abraço em campo que daria a Cristiano Ronaldo: “Eu senti, senti porque… a nossa trajetória foi muito paralela, nós os dois, muita troca de sentimentos, muita partilha entre mim e ele“.

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Texto: André Sousa / Fotos: Redes Sociais e Impala