Atriz de teatro, cinema e televisão, escritora e recém-vencedora de um globo de ouro, Fernanda Torres é a verdadeira mulher dos sete ofícios. Filha de dois grandes nomes da representação, Fernanda Montenegro e Fernando Torres, a artista foi a primeira brasileira a receber o galardão na categoria de Melhor Atriz em drama, batendo nomes como Nicole Kidman, Angelina Jolie e Kate Winslet.

O prémio foi atribuído pela sua prestação no filme Ainda Estou Aqui, uma conquista que alcança 26 anos depois de a sua mãe ter sido nomeada na mesma categoria pelo papel no filme Central do Brasil. Mas, afinal, quem é esta atriz brasileira que fez história além-fronteiras?

Nascida a 15 de setembro de 1965, agora com 59 anos, a atriz estreou-se na televisão brasileira em 1979 com Aplauso, um programa da TV Globo de teleteatro. Seguiram-se muitos outros sucessos, Baila Comigo (1981), Selva de Pedra (1986) ou Os Normais (2001), série com que se popularizou em Portugal.

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Como Fernanda Torres descobriu a escrita

Mas nem sempre a ficção foi uma carreira linear, de acordo com as palavras da atriz no podcast A Beleza das Pequenas Coisas, de Bernardo Mendonça, em 2018. "Aos 30 anos, tive uma certa angústia da dependência da profissão de atriz. Há a dúvida do telefonema, de saber se alguém me vai querer. O que fiz foi começar a escrever roteiros de cinema", disse.

"Quando engravidei do meu segundo filho, chamaram-me para escrever crónicas em revistas. Vi que gostei daquilo, foram-me chamando para escrever outras colunas", referiu Fernanda Torres, que descobriu, há alguns anos, que a escrita era também uma paixão.

Eis que das crónicas passou para os livros. Em 2015, escreveu Fim, um romance que conta a história de vida e a morte de cinco velhos amigos cariocas, que mereceu uma adaptação para televisão. Seguiu-se, já em 2018, a publicação de A Glória e o seu Cortejo de Horrores, um outro romance que fala sobre a vida de um ator de meia idade caído em desgraça.

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A crítica de Fernanda Torres às celebridades

"Misturou-se a minha experiência de atriz com a minha inquietação, isso tudo ajuda na literatura. Trabalhei com os editores da mesma forma que trabalho com os realizadores, há muito o mito de que os atores não são autores. Eu acho que o ator é um operário, não é uma celebridade. É ofensivo, não tem nada a ver com a profissão. O ator é um criador", disse no mesmo podcast.

E foi precisamente com toda a sua experiência de atriz, escritora e, essencialmente, de criadora, que subiu ao palco dos Golden Globes, neste domingo, 5 de janeiro, para representar o Brasil. "Meu Deus, eu não preparei nada (...) Este é um ano incrível para as atuações femininas. Tantas atrizes que eu admiro tanto", começou por dizer, durante o seu discurso.

"É claro, eu quero dedicar este prémio à minha mãe. Ela estava aqui há 25 anos. E isso é uma prova de que a arte pode resistir através da vida”, completou Fernanda Torres, deixado a sua homenagem à mãe.

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