"2024 foi uma m****". Foi assim que Pedro Chagas Freitascomeçou a reflexão sobre um ano onde teve de travar várias batalhas e lidar com o luto ao mesmo tempo. O pai do escritor, Emanuel Freitas, morreu em março deste ano, e o filho, o pequeno Benjamim, esteve internado durante três meses.

"Perdi o meu pai (o meu companheiro de viagem, de viagens, fizemos milhares de quilómetros juntos e não sei como voltarei à estrada sem voltar a ele), o meu filho ficou muito doente, vivi meses num hospital, sem saber como aguentar o que sentia, o que me triturava, olhos nos olhos dos meus demónios mais profundos, dos meus fantasmas mais medonhos", lamentou.

"2024 foi uma m****, mas nenhum ano foi tão decisivo para saber quem sou. Mais ainda: para saber quem quero ser. Ainda mais: para saber quem não quero ser. A dor maior, absoluta, a que não temos como evitar que nos consuma, é a sabedoria primordial: o regresso ao começo. Sei limpidamente a porcaria que fiz, quem magoei, como magoei, não mais a farei. Sei perfeitamente o que fiz bem, e farei tudo para o fazer cada vez mais, cada vez melhor. Sei absolutamente que pessoa quero ser, que caminhos quero percorrer, que caminhos jamais voltarei a conhecer", continuou.


O desabafo de Pedro Chagas Freitas sobre o filho: "Não tens uma vida fácil, merecias ter"



"Vou continuar a errar, Deus me livre das pessoas perfeitas. Mas não voltarei a falhar no que percebi, no meio da tempestade, que não poderia ser o que eu sou, o que eu quero ser: o que, sei-o agora, consigo ser", acrescentou.

E rematou: "Não desejo a ninguém, ninguém mesmo, o que vivi. O ódio, foi outra das coisas que aprendi, é uma tolice sem igual; fazer o mal a quem nos fez mal é o mal gratuito; nada justifica fazer o mal, nada, nada. Mas desejo a toda a gente que, de uma maneira ou de outra, consigam chegar a este tipo de visão de si mesmos. É de pessoas que conseguem ver-se bem que se faz um mundo melhor. Boa sorte a todos nós."