Apenas um dia depois de se ter tornado deputado independente, Miguel Arruda explicou, em declarações à SIC, que o caso do furto das malas, em que é suspeito, o "rebentou psicologicamente" e está a afetar emocionalmente a família.

“A minha família está um caco”, desabafou o agora deputado independente.

Miguel Arruda viaja esta sexta-feira para os Açores e diz à SIC que não tem data para regressar: "Não sei quando volto. Vou desligar o telefone".

Ainda não consultou um médico, mas Miguel Arruda pretende passar o período de baixa médica na ilha de São Miguel, de onde é natural.

Manhã difícil no Parlamento

O novo lugar de Miguel Arruda no Parlamento marcou o arranque dos trabalhos, esta sexta-feira, na Assembleia da República.

O presidente da Assembleia da República Aguiar-Branco fez um anúncio no arranque do plenário, explicando que, na qualidade de deputado não inscrito, Miguel Arruda devia sentar-se na última fila, entre as bancadas do Chega e do PSD, como aconteceu em situações semelhantes.

E assim fez. Mas o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, pediu a palavra para dizer que não queria que o deputado se sentasse junto
à bancada do partido.

“Não nos sentimos confortáveis por o deputado Miguel Arruda se sentar ao lado dos deputados do Chega porque, como sabem, as coisas não foram pacíficas. Não posso responder pelo meu grupo parlamentar e pelo que possa acontecer nesta sessão plenária", avisou, sustentando “não ser correto o deputado manter-se sentado ao lado do grupo parlamentar de que saiu”.

Mais, prosseguiu Pedro Pinto: "Não é correto porque [Miguel Arruda] desrespeitou quer grupo parlamentar, quer o presidente do partido, quer o presidente do grupo parlamentar e até esta casa”.

Aguiar-Branco acabou por interromper os trabalhos, mas a sessão foi retomada alguns minutos depois. O presidente da Assembleia da República remete a decisão sobre o lugar onde deve sentar-se Miguel Arruda para uma futura Conferência de Líderes.

Quando os deputados regressaram ao hemiciclo, Miguel Arruda ocupou o lugar inicialmente previsto, agora sozinho, já que nenhum deputado do Chega se sentou ao seu lado.

As 17 malas, a conta apagada e a inocência

Miguel Arruda foi constituído arguido, esta semana, por suspeitas de furtar bagagens nos aeroportos de Lisboa e Ponta Delgada, nos Açores.

O à data deputado do Chega, eleito pelo círculo dos Açores, declarou a sua inocência, garantindo estar a ser vítima de uma “cabala”, e deciciu avançar com uma queixa-crime contra várias entidades por violação do segredo de justiça.

Em declarações ao Observador, a defesa do agora deputado não inscrito confirmou que a ação judicial será entregue na próxima semana, sem esclarecer, porém, contra quem será dirigida.

O semanário Expresso revelou, na edição desta sexta-feira, que a investigação quer saber ainda se o deputado, neste alegado esquema, vendou objetos mais valiosos, como relógios e joias.

Suspeita-se que uma conta do deputado na plataforma Vinted tenha sido apagada após a notícia dos alegados furtos. O registo com o nome e ano de nascimento de Miguel Arruda foi aberto em maio do ano passado e chegou a ter quase 200 classificações depois de concluídos os negócios.

Camisolas, calças, gravatas ou chapéus estiveram na montra online.