Uma década depois de dar o salto, com a coragem de trocar o emprego certo na publicidade pelo sonho de sempre, de viver a escrever ficção, com nove livros publicados — e o marco de se ter tornado na primeira escritora portuguesa a chegar ao Top 100 da Amazon, com a tradução em inglês do seu romance de estreia, Os Trinta - Nada É Como Sonhámos —, Filipa Fonseca Silva estreia-se, aos 45 anos, na tela de cinema.

O Elevador, romance publicado há dois anos e que se desenvolve numa conversa entre um casal, forçada ao ficarem os dois ali fechados, com emoções à flor da pele e viagens ao passado, tornou-se numa curta metragem. E depois da antestreia, que aconteceu na Sala de Cinema Fernão Lopes, chega agora ao YouTube, "para ser visto por todos". Um presente de Natal antecipado que se materializa em 32 minutos brilhantemente adaptados e realizados (e financiado) por Inês Barros e Fábio Rebelo.

Foi da própria Inês Barros, atriz, que partiu a ideia de fazer um filme do livro que lera de uma assentada, há um ano, e que ficou a trabalhar-lhe uma ideiazinha na cabeça. Era a obra ideal para se experimentar na condução do rumo que leva um filme, área de trabalho do companheiro, Fábio, com cuja experiência também contou para dar vida a um projeto totalmente independente, autofinanciado e com os papéis de Sara e Alex desempenhados por dois atores bem reconhecidos: a própria Inês e Carlos Malvarez.

Num momento de coragem, conforme contou na antestreia, Inês Barros ligou a Filipa Fonseca Silva e à mesa do café desafiou-a a aceitar fazer um filme do seu penúltimo romance — o mais recente, lançado no ano passado, é uma distopia que nos dá um abanão sobre ambientalistas e radicais, O Admirável Mundo Verde. E a autora e fundadora do Clube das Mulheres Escritoras nem hesitou.

A chave do sucesso de Filipa Fonseca Silva
A chave do sucesso de Filipa Fonseca Silva

A partir de agora, está disponível para quem o quiser ver no YouTube. Nem tudo quanto faz a história do livro está no filme, que se torna numa peça de vida própria, ainda que consiga captar de forma brilhante, nos diálogos e na abordagem inovadora (não é pera doce filmar meia hora de diálogos num exíguo elevador), a mensagem, mantendo-se absolutamente fiel à escrita de Filipa Fonseca Silva. O que nos dá mais uma razão para recomendar que, antes ou depois do filme, leia também o romance que dá vida a O Elevador.

Veja o filme aqui