"Mais uma vitória de Jair Bolsonaro", escreveu o Presidente na sua conta no Facebook em resposta a um seguidor que lhe perguntou se o Governo compraria a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, atualmente em fase final de testes, caso a sua eficácia seja comprovada.
A Coronavac está a ser testada no Brasil através de uma parceria entre a Sinovac e as autoridades do estado de São Paulo, cujo governador, João Doria, se tornou um dos adversários mais ferrenhos de Bolsonaro no campo conservador.
"Morte, invalidez, anomalia. Essa é a vacina que Doria queria obrigar o povo paulista a tomar", acrescentou o Presidente brasileiro na mesma mensagem, em que reiterou que a imunização "nunca poderia ser obrigatória" no Brasil, como defende o governador de São Paulo.
No mês passado, Bolsonaro já tinha afirmado que "o povo brasileiro não será cobaia de ninguém" e que "não se justifica aporte financeiro bilionário num medicamento que nem passou na fase de testes", aludindo ao que já havia dito sobre a "vacina de Doria" e que, advertiu, "não será comprada" pelo seu Governo.
A suspensão dos testes da Coronavac no Brasil foi anunciada na segunda-feira pela Anvisa, órgão regulador oficial, após ser notificada da ocorrência de um "evento adverso grave".
Em nota, a Anvisa explicou que "decidiu interromper o estudo para avaliar os dados observados até ao momento e julgar o risco / benefício da continuidade" após ser informada sobre este "evento adverso grave" no dia 29 de outubro.
O Instituto Butantan, laboratório associado ao governo regional de São Paulo que comanda os testes da Coronavac, afirmou que a morte de um dos voluntários do estudo "não tem relação com a vacina" e, por isso, considerou que os testes devem continuar.
Na mesma linha argumentiu a farmacêutica chinesa, que em nota divulgada em Pequim se mostrou convicta da "segurança" da sua vacina.
"O estudo clínico no Brasil está a ser realizado de forma rigorosa e de acordo com os requisitos das boas práticas clínicas, e estamos convencidos da segurança da vacina", disse a Sinovac em breve comunicado publicado em seu site.
"Após comunicarmos com o nosso parceiro brasileiro, o Instituto Butantan, ficámos a saber que a sua direção acredita que este grave evento adverso não tem relação com a vacina", disse.
Os responsáveis da Anvisa e do Instituto Butantan têm reunião marcada para hoje para esclarecer o assunto e decidir sobre a eventual retoma da experiência ou a manutenção da suspensão, caso persistam dúvidas.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,6 milhões de casos e 162.628 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.263.890 mortos em mais de 50,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
CYR // JH
Lusa/Fim