De acordo com Angelina Cuaela, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Niassa, os tumultos aconteceram depois das 10:00 (09:00 em Lisboa), quando "simpatizantes do partido Podemos", que apoia o candidato presidencial Venâncio Mondlane, "deslocaram-se às ruas, manifestando-se".

Acrescenta que chegaram a colocar pneus a arder numa ponte e que de "seguida deslocararam-se ao local onde o partido Frelimo estava a realizar o seu comício e atiram pneus com fogo", levando à intervenção da polícia.

"Nessa intervenção atingiram cinco pessoas com balas perdidas", referiu Angelina Cuaela.

Vídeos que circulam nas redes sociais do momento da intervenção mostram algumas dezenas de manifestantes com gritos de apoio a Venâncio Mondlane, a algumas dezenas de metros onde apoiantes da Frelimo festejavam os resultados eleitorais anunciados esta semana.

Os mesmos vídeos mostram depois uma sequência de disparos que colocam em fuga os manifestantes.

"A polícia estava no terreno a fazer a proteção", explicou a porta-voz da PRM em Niassa.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou na quinta-feira a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo (partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirma não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país.

Além de Mondlane, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, atual maior partido da oposição), Ossufo Momade, um dos quatro candidatos presidenciais, disse que não reconhece os resultados eleitorais anunciados pela CNE e pediu a anulação da votação.

Na quinta-feira, o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), recusou igualmente os resultados, considerando que foram "forjados na secretaria", e prometeu uma "ação política e jurídica" para repor a "vontade popular".

O anúncio dos resultados pela CNE voltou a desencadear violentos protestos e confrontos com a polícia em Moçambique, sobretudo em Maputo, por parte de manifestantes pró-Venâncio Mondlane.

 

PVJ // NS

Lusa/Fim