Horas antes, meios de comunicação árabes, incluindo o canal televisivo estatal saudita Al Arabiya, tinham noticiado que o conselho do Hezbollah tinha escolhido Safi al-Din como sucessor do primo, Hassan Nasrallah, morto na sexta-feira num bombardeamento israelita nos arredores de Beirute.

"Em resposta às notícias que têm circulado em alguns meios de comunicação social sobre os procedimentos organizacionais dentro da liderança do Hezbollah (...) queremos esclarecer que a informação relacionada não é importante e não pode ser considerada válida até que seja emitida uma declaração oficial", assegurou o grupo, na plataforma de mensagens Telegram.

Safi al-Din nasceu em 1964 no sul do Líbano e tem estado próximo da direção do Hezbollah desde 1995, como membro do Conselho da Shura (órgão consultivo) do movimento.

Fez os seus estudos islâmicos nas cidades sagradas de Najaf, no Iraque, e Qom, no Irão, onde se situam as principais escolas para quem aspira a tornar-se Grande Ayatollah, um dos mais altos títulos entre os islamitas xiitas.

Como a maioria dos altos responsáveis do Hezbollah - organização considerada terrorista por Israel e pelos Estados Unidos, mas não pela União Europeia, que apenas considera o seu braço armado uma organização terrorista -, Safi al-Din foi classificado como terrorista pelo Governo norte-americano em 2017, por ser "um membro-chave" do grupo, segundo uma nota então publicada pelo Departamento de Estado.

Uma das suas últimas intervenções públicas foi em meados de setembro, quando condenou o assassínio por Israel do comandante máximo da milícia do Hezbollah, Fuad Shukr, num bombardeamento seletivo nos bairros do sul de Beirute conhecidos como Dahye, a mesma zona onde Israel anunciou ter matado Nasrallah.

Cerca de um milhão de pessoas fugiram das suas casas nos últimos dias no Líbano devido à campanha de bombardeamentos israelita, anunciou no domingo o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, recordando que o seu Governo anda há "sete ou oito meses" a apelar para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e no Líbano.

No domingo, o Exército israelita prosseguiu a sua campanha de violentos bombardeamentos contra bastiões do Hezbollah no Líbano, matando pelo menos 105 pessoas, dois dias após a morte do líder e de dezenas de outros membros do movimento islamita libanês.

Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 70 mil libaneses e sírios que viviam no Líbano fugiram do país, a maioria dos quais atravessando a fronteira para a Síria, em consequência da intensificação dos bombardeamentos israelitas.

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