"As ameaças externas contínuas e a exposição do Irão à possibilidade de um ataque militar podem levar-nos a uma medida dissuasora, como expulsar os inspetores da AIEA e cessar a cooperação com a agência", disse Ali Shamkhani, membro do Conselho de Discernimento do Irão e conselheiro do Líder Supremo, o ayatollah Ali Khamenei.

Numa mensagem na rede social X, Shamkhani disse que "a transferência de materiais enriquecidos para locais seguros e não revelados no Irão também pode estar na agenda", horas depois das novas ameaças do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre possíveis ações militares caso as autoridades iranianas não ponham fim ao seu programa nuclear.

"Com o Irão, se for necessária uma ação militar, nós tomá-la-emos", ameaçou Trump, acrescentando que "Israel estará obviamente muito envolvido" numa operação como esta.

Na quarta-feira, o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, abriu a porta a contactos indiretos com os Estados Unidos, a realizar em Omã, país que atuaria como mediador.

Pezeshkian assegurou que Khamenei "não tem objeções ao investimento estrangeiro, incluindo por parte dos investidores americanos, desde que não seja acompanhado de conspirações, subversão e políticas erradas".

Contudo, o Presidente iraniano acrescentou que "qualquer comunicação ocorrerá dentro da estrutura dos interesses nacionais e preservando a dignidade da nação iraniana", insistindo que Teerão não quer adquirir armas nucleares.

Na segunda-feiar, Trump informou que o seu Governo estava a "manter conversações diretas com o Irão", uma afirmação negada horas antes pelas autoridades iranianas.

Em 2018, Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo nuclear assinado três anos antes e impôs uma série de sanções contra Teerão, levando o país a reduzir os seus compromissos com esse pacto até que Washington voltasse a cumprir as suas disposições.

Desde o seu regresso à Casa Branca, em janeiro, Trump reativou um novo pacote de sanções, perante os protestos das autoridades iranianas.

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