"O pano de fundo é a série de ataques dos huthis a Israel nos últimos dias, que incluíram o lançamento de mísseis balísticos no centro do país, que atingiram uma escola e um parque infantil", refere um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.
Os Huthis tornaram os seus ataques a Israel mais frequentes nas últimas semanas, após a trégua de 60 dias na troca de tiros com o grupo xiita Hezbollah no Líbano e a invasão israelita da zona desmilitarizada dos Montes Golã sírios.
O último foguete foi disparado na madrugada de hoje, fazendo disparar os alarmes antiaéreos no centro de Israel, incluindo Telavive.
"Um projétil lançado do Iémen foi intercetado antes de entrar em território israelita. As sirenes de foguetes e mísseis foram ativadas devido à possibilidade de queda de estilhaços resultantes da interceção", refere um comunicado militar por volta da 01:55 (23:55 de segunda-feira em Lisboa).
Segundo o serviço de emergência Magen David Adom (Estrela Vermelha de David), uma mulher de 60 anos ficou gravemente ferida ao cair e bater com a cabeça quando corria para se abrigar num abrigo antiaéreo em Telavive.
No total, os paramédicos do Magen David Adom trataram 25 pessoas com ferimentos ligeiros em situações semelhantes ou que sofriam de ataques de ansiedade.
"Os líderes da organização declaram publicamente que continuarão a atacar Israel e a impedir a livre passagem de navios no Mar Arábico, no Mar Vermelho e no Estreito de Bab al Mandab", denunciou a diplomacia israelita, que recordou que mais de 100 navios foram atacados desde 07 de outubro de 2023, dia em que milícias do Hamas atacaram Israel, causando a morte a 1.200 pessoas e sequestrando cerca de 250 outras.
"A ameaça direta à liberdade de navegação numa das rotas marítimas mais movimentadas do mundo é um desafio para a comunidade internacional e para a ordem mundial. A primeira e mais básica coisa é designá-los como uma organização terrorista", apelou Saar.
O Ministério da Defesa israelita também afirmou que os Huthis são "agentes" do Irão dedicados a desestabilizar a região, alegando que dependem da República Islâmica para obter armas e financiamento.
Na segunda-feira, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, também ameaçou o grupo iemenita.
"Prejudicámos gravemente o 'eixo do mal' [como Israel se refere ao Irão e respetivos aliados] e vamos também atingir duramente a restante organização terrorista dos Huthis no Iémen", avisou.
Em 17 de janeiro deste ano, os Estados Unidos anunciaram que iriam redesignar o grupo rebelde iemenita como uma organização terrorista, algo que Donald Trump, que voltará à Casa Branca em 20 de janeiro mas de 2025, fez durante a sua primeira administração e que depois foi revertido por Joe Biden.
Os Huthis atacam Israel, afirmam em vários comunicados, em solidariedade com o povo de Gaza, tal como o Hezbollah fazia na altura, até que a troca de tiros na fronteira com o Líbano levou a uma guerra e à invasão do sul do país por Israel, que matou o líder da organização, Hassan Nasrallah, num bombardeamento no final de setembro.
JSD // MSF
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