Funcho, coroa-de-rei, tortolho, língua de vaca, losna brabo são algumas das plantas endémicas que ainda se encontram no Parque Natural do Fogo e que, entre outras, foram monitorizadas no âmbito desta iniciativa do Projeto Vitó, uma organização não-governamental de proteção dos recursos marinhos e das plantas endémicas em Cabo Verde.

Herculano Dinis, da direção do Projeto Vitó, associação localizada na ilha do Fogo, disse à agência Lusa que dentro de dois anos, o tempo que durará o projeto, a população deverá conhecer muito melhor a flora nativa e, no caso da ilha Brava, contar com a primeira área protegida, já que é a única ilha cabo-verdiana sem esta classificação.

São dezenas as espécies a ser estudadas no âmbito desta investigação.

Segundo Herculano Dinis, em Cabo Verde existem 92 espécies endémicas, das quais 63% estão ameaçadas. Na ilha do Fogo, das 42 espécies endémicas, 37 estão ameaçadas e, na Brava, estão em risco 16 das 19 espécies endémicas.

Existem ainda plantas exclusivas destas ilhas: seis na ilha do Fogo e uma na Brava. São estas as que correm maiores riscos e que serão, por isso, prioritárias para os elementos do projeto.

Perante estes riscos, o Projeto Vitó propôs-se a fazer "o seguimento de todas as espécies ameaçadas e catalogadas como criticamente ameaçadas", inicialmente apenas nestas duas ilhas.

Para tal, será promovido um reforço da capacitação técnica, com vista a uma melhor preparação dos profissionais envolvidos.

No âmbito desta ação de conservação da flora endémica cabo-verdiana, vão ser realizadas ações de "sensibilização, informação e divulgação" das comunidades, nomeadamente no Parque Natural do Fogo, instituições e escolas.

O reforço da capacitação da gestão de áreas protegidas está igualmente previsto neste projeto que pretende criar um Plano de Monitorização Ecológica para o Parque Natural do Fogo.

Em relação à ilha Brava, é intenção da organização não-governamental promover a criação de uma área protegida que deverá incidir no Vale de Fajã de Água, que "é muito rico em termos de biodiversidade".

Enquanto o projeto estiver a decorrer, serão ainda produzidas plantas em viveiro que serão depois fixadas no solo com vista à recuperação destas plantas em locais onde em tempos existiram.

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