"Hoje ou amanhã serão enviadas [as medidas] ao Congresso para que nenhum governo estrangeiro ou qualquer entidade de qualquer governo estrangeiro possa pagar. A questão é que estão a pagar para poder divulgar estes anúncios, esta propaganda, que tem uma mensagem discriminatória", declarou a Presidente, numa conferência de imprensa.

A líder mexicana acrescentou que o anúncio circula na televisão há "alguns meses" e foi exibido no fim de semana durante os jogos de futebol, no qual Noem transmite uma "mensagem do Presidente Donald Trump para o mundo: se estão a pensar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, nem pensem nisso".

"Vou ser clara: se vierem para o nosso país e violarem as nossas leis, processá-los-emos. Os criminosos não são bem-vindos nos Estados Unidos", afirmou Kristi Noem, no anúncio.

Sheinbaum vai, desta forma, tentar reavivar uma secção da Lei Federal de Telecomunicações que foi revogada em 2014, durante a presidência de Enrique Peña Nieto (2012-2018).

Com esta medida, os governos estrangeiros não poderão pagar aos meios de comunicação tradicionais ou às redes sociais para difundir propaganda no México.

"Os concessionários de radiodifusão e televisão no país não poderão transmitir propaganda política, ideológica ou comercial de governos ou entidades estrangeiras, nem permitir que os meios de comunicação que operam na sua concessão sejam utilizados para fins que possam influenciar os assuntos internos", afirmou.

Claudia Sheinbaum avançou que o Conselho Nacional para a Prevenção da Discriminação (Conapred) mexicano enviou uma carta aos meios de comunicação social para que retirassem o anúncio de Noem porque "contém uma mensagem discriminatória, atenta contra a dignidade humana e pode encorajar atos de rejeição ou violência contra" os migrantes.

"Por esta razão, convidamos-vos a retirar o 'spot', a fim de cumprir a construção de uma sociedade sem discriminação, tal como estabelecido na nossa Constituição", concluiu o organismo do Ministério do Interior (Segob).

A mensagem de Noem, que visitou o México a 28 de março, reflete a crescente pressão de Trump sobre o governo mexicano para conter o fluxo de drogas e migrantes.

 

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