O Parlamento Europeu marcou o início da sessão plenária, que decorre entre 7 e 10 de outubro, com o aniversário do ataque do Hamas a Israel. O 7 de outubro de 2023 foi o “gatilho para um ciclo de guerra, morte e devastação”, disse a presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, que reiterou o apelo a um cessar-fogo e à libertação dos reféns.

Metsola agradeceu a presença de algumas famílias dos reféns israelitas que estão nas mãos do Hamas e garantiu que o Parlamento vai continuar a fazer o necessário para os libertar. Foi um ano de “desgosto”, em que “muito poucos conseguiram regressar aos seus entes queridos”.

O “horror desse dia viverá em infâmia”, considerando que “não há nada que possa justificar indiscriminados assassínios em massa, violações, raptos e torturas que ocorreram há um ano”, afirmou ainda a Presidente do PE.

Também Josep Borrell, vice-Presidente da Comissão Europeia e chefe da diplomacia da União Europeia (UE), admite que “hoje o cessar-fogo parece que é uma ideia longínqua” e reiterou que todos os reféns “devem ser libertados mediamente incondicionalmente”. “Não há nem boas nem más vítimas, há apenas vítimas civis, inocentes e colaterais da guerra”, lembrou.

“Hoje não é apenas o problema que se arrasta e a falta de ajuda humanitária, mas a falta de soluções políticas”, afirmou o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. O direito a defesa de Israel e as suas consequências, as vítimas deste conflito, a ajuda humanitária, a necessidade de uma solução política e tentativa de evitar uma escalada do conflito são os “cinco vértices do polígono no qual se move a política externa da UE”.

“As perspetivas políticas para resolver este conflito que arrasta de novo a terra santa", para Borrell “parecem ter desaparecido no meio da tragédia que se vive”. “Nunca se discutiu tanto o conflito entre Israel e a Palestina, mas nunca com tão poucas perspetivas de encontrar uma solução”, disse.

O chefe da diplomacia da UE indicou ainda que o reconhecimento de dois estados é o parâmetro para a resolução do conflito. “A tragédia é que esta solução, a única que conhecemos para tentar construir a paz, não tem o apoio de uma das partes mais importantes do problema, que é o atual governo de Israel”, disse.

Referiu ainda que a União Europeia estava “profundamente dividida” e “profundamente ausente deste conflito”. “A responsabilidade da Europa é manter viva a centelha de paz”, mas os Estado-membros não percebem de “igual maneira o horror vivido em Gaza e na Cisjordânia”. “Temos de mudar da rejeição para o mútuo reconhecimento”, caso contrário “geração atras de geração, funeral atras de funeral, vamos continuar a assistir a uma tragédia nesta terra santa”.

A jornalista viajou a convite do Parlamento Europeu.