"Nós andamos agora em cerca de 17 milhões de dólares [em termos de] estragos e prejuízos, por não realizarmos a carga", disse Agostinho Langa Júnior, presidente dos CFM, à margem de um evento público em Maputo.

O responsável referiu que a ferrovia "continua a sofrer" com "situações esporádicas de apedrejamento" das carruagens e locomotivas e disse que os CFM cancelaram hoje a circulação de um comboio de passageiros devido a novas manifestações em Chókwe, na província de Gaza, sul do país.

"Os comboios de passageiros são os mais apetecíveis para a vandalização, então fomos obrigados a cancelar o comboio de Chicualacuala esta manhã. Cancelamos hoje, o próximo é no domingo e, se não houver problemas, faremos o próximo comboio", referiu Agostinho Langa Júnior.

O presidente dos CFM acrescentou que, apesar da recorrência com que ocorrem os protestos, a empresa consegue repor "muito rapidamente" os equipamentos após vandalizações, alertando, contudo, que o processo "retarda alguns projetos" da ferrovia.

"Temos resistido e continuaremos a resistir, apesar de fazermos o apelo para que as pessoas parem com isso", frisou.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

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