"Temos acompanhado estes desenvolvimentos com uma série de sentimentos de choque e tristeza e ficámos completamente devastados porque os candidatos [às presidências na Indonésia] incluem o antigo general Prabowo Subianto, que provavelmente poderá chegar ao poder", refere, em comunicado, divulgado à imprensa.

Prabowo Subianto, atual ministro da Defesa indonésio, é o antigo general que comandava a força especial Kopassus, acusada pelos defensores dos direitos humanos de cometer atrocidades durante a ocupação Indonésia.

Esta a terceira vez que Prabowo Subianto, antigo genro do ditador indonésio Suharto, se candidata às eleições presidenciais na Indonésia.

"Sentimo-nos assim porque as vítimas e as famílias da violência, dos massacres e dos crimes contra a humanidade levantaram repetidamente as suas vozes contra os crimes que cometeu", pode ler-se no comunicado.

Salientando que valorizam e respeitam os desenvolvimentos democráticos da Indonésia, a aliança adverte que o antigo general é "acusado de graves violações dos direitos humanos".

"Quando recordamos os incidentes sangrentos do passado, recordamos o papel do antigo general Prabowo Subianto como ator-chave no planeamento de ações cruéis, bárbaras e desumanas e de graves violações organizadas e sistemáticas durante a ocupação indonésia de Timor-Leste", salientam.

Citando o relatório Chega, da Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação, a aliança destaca que os factos demonstram que Prabowo Subianto esteve envolvido numa série de crimes graves e violações dos direitos humanos em Timor-Leste, incluindo no massacre ocorrido em Viqueque e pelo massacre de Santa Cruz, ocorrido a 12 de novembro de 1991.

Na Indonésia, Prabowo Subianto é acusado de estar envolvido em vários raptos e desaparecimentos de estudantes universitários entre 1997 e 1998 e numa série de violações dos direitos humanos.

"Durante as últimas duas décadas, as vítimas de violações dos direitos humanos e as suas famílias em Timor-Leste continuaram a apelar e a esperar consistentemente por justiça para as vítimas e as suas famílias, incluindo apelar ao Conselho de Segurança da ONU para que proporcionasse justiça às vítimas", refere a aliança.

A Aliança Internacional de Timor-Leste para um Tribunal Internacional apela aos eleitores indonésios para não votarem no antigo general e para não permitirem que chegue ao poder.

À comunidade internacional, a aliança pede que exerça "pressão" e "exija" aos líderes democráticos e defensores dos direitos humanos da Indonésia que "impeçam os autores de violações dos direitos humanos de regressarem ao poder".

A aliança solicita também à comunidade internacional que encoraje "todas as nações a assumirem a responsabilidade pela prisão do antigo general pelos crimes contra a humanidade pelos quais é acusado".

MSE // JMC

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