A Mercedes-Benz está a enfrentar uma crise no seu segmento de veículos elétricos (EV), uma vez que as vendas dos seus modelos EQ—o EQB, EQE e EQS—despencaram impressionantes 42% no terceiro trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado. A fabricante vendeu apenas 5.769 unidades, uma queda acentuada em relação às 9.984 vendidas no terceiro trimestre de 2023, levantando alarmes sobre a viabilidade futura da sua gama elétrica. O EQS, que outrora foi um modelo emblemático das ambições elétricas da Mercedes, registou uma chocante queda de 50% nas vendas ano após ano, tornando-se o modelo com pior desempenho no segmento.

Apesar deste cenário sombrio para os EVs, a Mercedes-Benz conseguiu aumentar as vendas totais em 11%, graças principalmente à sua forte gama de SUVs e a novos modelos como o CLE. Mas a questão permanece: Pode a Mercedes continuar a prosperar enquanto os seus esforços em veículos elétricos vacilam?

Análise dos Números

Enquanto a Mercedes se mantém reservada sobre o desempenho individual das versões SUV em comparação com as versões sedan do EQE e EQS, é claro que toda a marca EQ está a enfrentar dificuldades. O EQB teve um breve aumento nas vendas no segundo trimestre, mas mesmo ele não conseguiu escapar da tendência de queda, com vendas a descerem 31% ano após ano.

Eis como a gama EQ se comportou no terceiro trimestre de 2024 em comparação com o terceiro trimestre de 2023:

  • EQB: Desceu 31%
  • EQE: Desceu 58%
  • EQS: Desceu 33%

Não Apenas EVs: Outros Modelos em Declínio

Os problemas da Mercedes com os veículos elétricos não são a única causa de preocupação. A Classe E, que recentemente passou por uma grande atualização, viu as vendas caírem 51% no terceiro trimestre de 2024. Enquanto isso, o icónico descapotável SL está em queda livre, com uma redução de 81% em comparação com o ano passado, indicando que os modelos tradicionais da marca de luxo também estão a lutar para manter a sua atratividade.

SUVs e Novos Modelos para o Resgate

Apesar do fraco desempenho de vários modelos-chave, a Mercedes viu um aumento significativo nas vendas globais, principalmente devido à força da sua gama de SUVs. O GLC, por exemplo, teve um impressionante aumento de 144% nas vendas, e o GLE subiu 34%. O novo coupe CLE também se destacou, vendendo mais de 10.000 unidades este ano—mais do que a Classe S, Classe G ou mesmo o CLA de entrada—mostrando que o investimento da Mercedes em SUVs e modelos desportivos está a dar frutos.

Uma Nova Perspectiva sobre a Eletrificação

A Mercedes-Benz parece estar a repensar a sua abordagem agressiva em relação aos veículos elétricos. No início deste ano, o CEO Ola Källenius admitiu que a empresa tinha sido excessivamente otimista em relação às suas metas de eletrificação. Numa mudança significativa, a Mercedes abandonou o seu plano para uma nova plataforma de veículos elétricos grande prevista para 2028. Em vez disso, a montadora planeia seguir a abordagem da BMW, oferecendo versões elétricas e de combustão interna da sua Classe S, efetivamente relegando o EQS como o veículo elétrico de luxo definitivo.

O que vem a seguir para a Mercedes-Benz?

Enquanto os SUVs e os novos modelos ajudam a Mercedes a manter o crescimento, a acentuada queda nas vendas de veículos elétricos levanta questões sobre a sua estratégia a longo prazo. Com as pressões regulatórias e a indústria automóvel a mudar rapidamente para a eletrificação, a Mercedes precisa encontrar um equilíbrio que não afaste a sua base de clientes tradicional nem perca a oportunidade no crescente mercado de veículos elétricos.

Com as mudanças regulamentares de 2026 à vista, o gigante do luxo deve decidir se vai intensificar os seus esforços de eletrificação ou adotar uma abordagem mais cautelosa para evitar mais erros de cálculo. Por agora, está claro: a antiga dominância inabalável da Mercedes no mercado premium está a enfrentar o seu teste mais difícil até agora.