Carlo Ancelotti, atual treinador do Real Madrid, foi recentemente ao Poretcast, podcast de Giacomo Poretti, onde revelou alguns detalhes da sua carreira enquanto técnico, tais como os desentendimentos que já passou com jogadores que treinou.

«Gostava de ser uma mosca para escutar o que diz um jogador quando não joga e volta para casa. Muitos jogadores tiveram problemas comigo, mas no final resolveu-se tudo. Havia um jogador que, quando eu falava no balneário, punha uma toalha na cara para não me ouvir. Foi no início da sua carreira. Um dia disse-lhe: “Não podemos continuar assim”. Há jogadores que, quando os deixas no banco, custa-lhes cumprimentar-te de manhã. Aí, confundem a pessoa com o jogador», revelou o italiano.

Para além desta temática, Ancelotti abordou outras, como, as mudanças que o futebol moderno trouxe ao papel de treinador.

«Agora é muito mais complicado do que antes. Antes, tinha apenas um papel onde colocava: barreira defensiva, quem batia cantos, quem batia penáltis, quem ia cabecear, as marcações nas bolas paradas defensivas... e era tudo. Agora há clipes que mostram a posição dos jogadores nos lances de bola parada, tanto na defesa como no ataque. Se tirarmos um jogador e entrar outro, temos de dizer: “Olha, tens de ocupar esta posição”», comentou o técnico.

O técnico aproveitou para defender Kylian Mbappé, estrela do Real Madrid, depois de este ser alvo de críticas.

«Mbappé não chegou a este nível por treinar desde o primeiro dia da sua vida, mas sim porque a Mãe Natureza lhe deu um talento especial. Ele soube geri-lo com compromisso e sacrifício e os jovens devem utilizar o desporto para aprender, é uma escola da vida», disse, elogiando o craque francês.

O italiano falou ainda sobre os casos de racismo que acontecem na Liga Espanhola, saindo em defesa de Vinícius Junior e Nico Williams, do Athetic Bilbau, que foram vítimas de descriminação racial no passado:

«Vinícius sofre muitos ataques racistas, mas não é o único. Também já aconteceu a Nico Williams e há que dar muitos passos à frente. Que eles sejam bons jogadores pode ser uma desculpa para os atacar, mas isso não pode acontecer», afirmou.

Para terminar, Carlo Ancelotti, mencionou o porquê de comer pastilhas elásticas:

«Masco pastilha elástica para aliviar o stress durante os jogos. Alguns criticam-me por isso, mas quando começa o jogo, as minhas pulsações estão a 120 e agora, por exemplo, estão a 63. Talvez a pastilha me ajude», disse em tom cómico.

Esta época, Ancelotti leva o Real Madrid até ao terceiro lugar da tabela classificativa da Liga Espanhola, com 54 pontos, mantendo-se ainda na luta pela Liga dos Campeões, onde defronta o Atlético de Madrid nos oitavos-de-final.