«Os 100 livres foi o que previa. Sabia que, apesar de só ter treinado uma semana, a mariposa estaria sempre mais forte do que a crawl. Foi assim que senti. Estive muito bem em mariposa, mesmo tendo em conta o que aconteceu. Penso até que ainda podia ter dado mais. Já a crawl, a prova de hoje custou-me muito. Mas com uma semana de treino não posso pedir melhor que isto», analisou Diogo Ribeiro a A BOLA sobre a participação no Nacional Open de Portugal, que decorreu no Jamor, e no qual finalizou ajudando a estafeta do Benfica a derrubar novo recorde nacional dos 4x100 estilos.

Após, na sexta-feira, ter conquistado o título Nacional dos 100 mariposa com 51,79s, ficando apenas a 2 centésimos do mínimo para o Mundial de Singapura, em julho, este domingo o velocista das águias repetiu o êxito nos 100 livres com 48,65s. Mas agora, mais distante do tempo de acesso (48,34).

Conforme revelara após os 100 mariposa, Diogo esteve mais de um mês sem poder treinar, a não ser pernas, devido a lesão no labrum do ombro esquerdo, que o poderia ter levado a uma intervenção cirúrgica. Uma semana antes do campeonato teve alta médica, mas já não surgiria na forma desejada.   

«Por isso é que digo que foram tempos de outro mundo, não estava nada à espera deles», garante. «Vim competir com um pensamento como fosse o que fosse. Queria era nadar, competir e precisava destes tempos. Necessitava que a minha cabeça se esclarecesse quanto ao ponto de forma em que estou», conta.

«Por isso pedi ao meu treinador [do CAR Jamor, Samie Elias] para me poder rapar. Ele deixou e assim consegui confirmar que, por vezes, é só a cabeça que os faz superar, porque depois de apenas uma semana de treinos ninguém faz estes tempos», diz o duas vezes campeão do mundo em Doha 2024, que já tem mínimos para Singapura 2025 aos 50 livres e 50 mariposa. Provas que dispensou no Open para apenas se focar nos 100 livres e 100 mariposa. «É mesmo um absurdo o que aconteceu este fim de semana e estou muito grato aos meus treinadores», declara.

Com estas duas provas individuais em três dias e estes tempos, o que lhe faz ambicionar para o Open da Irlanda do próximo fim de semana? Vai ser só para ganhar mais ritmo competitivo ou consegue levar o objetivo de alcançar as marcas que deseja? «Não é tanto os tempos que quero, porque, neste momento, não tenho qualquer tempo na cabeça. É mesmo para ganhar ritmo competitivo, mas também para tentar melhorar as marcas que acabei de fazer e cada vez procurar aproximar-me dos meus melhores registos sem estar em taper [período já sem carga antes das provas]».

 «O que aconteceu aqui foi ter conseguido fazer 51s  aos 100 mariposa pela primeira vez sem estar em forma. Era algo que já desejava há muito tempo. Finalmente aconteceu!», exclama. «Foi o que disse ao meu treinador: até me estou a assustar com o que poderá acontecer no Mundial ou quando estiver em forma. Penso que vêm aí muitas boas coisas», diz esperançado.

De qualquer maneira, depois de Diogo não ter participado em nenhuma das outras três estafetas do Benfica, nesta última jornada ajudou a compor o quarteto para os 4x100 estilos. Não podia ter corrido melhor. Os encarnados fixaram um novo recorde nacional: 3.41,33m. Máximo conseguido através das prestações de Tomás Januário (57.57s), Rafael Mimoso (1.02,12), Diogo Ribeiro (51,70) e Gustavo Ribeiro (49,94). O anterior (3.42,94) já pertencia ao Benfica, e havia sido fixado em 2023, igualmente no Jamor, através de Miguel Nascimento, Rafael Mimoso, Diogo Ribeiro e Diogo Costa.

Sabe bem terminar estes dias e um momento de superação com um recorde, não é? «Sim, a equipa merecia isso. Perguntaram-me se podia ir ajudar a estafeta e eu, mesmo receoso se o ombro iria doer ou não por nadar duas provas na mesma sessão, aceitei. Mas ficou tudo bem, não me doeu. Estou a ficar mais confiante quanto ao ombro e é sempre bom ajudar a equipa. Fico superfeliz por ter ajudado dois miúdos, que ainda não são seniores, a bater um recorde nacional absoluto», concluiu.

Além de Diogo Ribeiro, que está inscrito aos 50 e 100 livres e 50 e 100 mariposa, mas não é garantido que vá a todas, no Open da Irlanda a Seleção contará ainda com os olímpicos Miguel Nascimento (Benfica, 50, 100 livres e 50 mariposa) e João Costa (V. Guimarães, 50m, 100 e 200 costas).