A manhã de Paris acordou meio-solarenga, mas, os 17.º graus de sensação térmica que se faziam sentir na pista do Stade de France pareciam prever uma espécie de bom presságio. Sandro partia para a prova com boas expectativas, mas sabia que tinha de se poupar nos primeiros metros. “Como eu não tenho tanta resistência como os meus adversários, o que eu posso fazer é acompanhá-los o máximo possível. Na ponta final foi dar tudo.”
O atleta, de 25 anos, natural do Porto, trazia uma estratégia na cabeça e a convicção de que a proximidade da hora francesa com a portuguesa, desta vez, o podia ajudar: “Em Tóquio foi mais difícil por causa do fuso horário. Afetou-me imenso a respiração. Aqui foi diferente.”
Sendo que nos anteriores Jogos, no Japão, apenas tinha conquistado um sétimo lugar na prova de 400 metros e um modesto décimo segundo nos 1500, chegou a Paris classificado em quarto no ranking mundial, depois de ter conquistado a medalha de prata, em 2019, no Dubai, e a prata no Mundial de 2023, em Paris, e no Campeonato do Mundo, em Kobe, já em 2024, respetivamente.
Sandro deixou para o final o seu melhor. Os últimos 100 metros viram o português a voar baixinho e a deixar para trás os dois adversários que estiveram na frente durante toda a prova. A meta era já ali e foi ela que viu o sorriso da alma de Baessa, ao perceber o que tinha conquistado. “É muita alegria. Assim que terminei a prova entregaram-me a bandeira e não consegui aguentar. Comecei logo a chorar”, desabafou, no final.
O português completou a prova em 3.49.46s, batendo o seu próprio recorde pessoal. Sandro acabou a cerca de quatro segundos de Ben Sandilands, britânico que correu até ao ouro, mas taco-a-taco com Michael Brannigan, norte-americano a quem escapou por apenas 45 centésimos. A prata de Baessa junta-se às medalhas de ouro de Miguel Monteiro (lançamento do peso) e Cristina Gonçalves (boccia) e aos bronzes de Luís Costa (ciclismo de estrada) e Diogo Cancela (natação).