É como se costuma dizer: há um português - ou uma portuguesa - em cada canto do Mundo. De uma forma geral, com sucesso pelo meio. É o caso de Mafalda Barboz, jovem média de 21 anos, que embarcou numa viagem até à «fria e escura» Suécia e por lá já desbloqueia conquistas com a camisola do Malmö.

Mafalda Barboz
2024
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O gigante sueco conseguiu, ao quinto ano de projeto, o objetivo que tinha traçado no arranque: subir à Damallsvenskan, primeiro escalão do futebol feminino do país. Com o contributo de Barboz, que está agora a encerrar um ciclo de duas temporadas consecutivas a competir. No meio da preparação para o jogo seguinte - o Malmö venceu o IK Uppsala no dia a seguir à entrevista -, Mafalda acedeu ao convite do zerozero para falar sobre a mais recente conquista e a experiência de vida na Suécia, tudo enquanto preparava a mala de viagem para regressar a Portugal e integrar os trabalhos da seleção sub-23. Uma conversa recheada da boa disposição que lhe é caraterística e onde nada ficou por dizer.

«Uma coisa é jogarmos à bola, outra é sermos atletas de alto rendimento»

zerozero (ZZ): Como está tudo pela Suécia? Já deu para parar de festejar?

Mafalda Barboz (MB): Vou ser muito sincera: nós festejámos no dia, mas no dia seguinte, na segunda-feira, já estava tudo normal. Pelo menos dentro [do clube]. Para fora, para os dirigentes e para toda a gente de fora, é a loucura e vai ser a loucura até ao final, independentemente do que acontecer. Mas nós, já que nos metemos numa posição boa, agora festejamos tudo no fim. Isto não começou muito bem, mas agora... No fim festejamos tudo. Esta semana foi super normal, temos jogo amanhã [19/10, vitória frente ao Uppsala] e depois há pausa para a seleção. Até ao final acabou-se um pouco a euforia, pelo menos dentro. Já está feito, foram cinco anos para chegar aqui.

ZZ: Agora também querem fechar com o título.

MB: É. Festejar no fim, com o título e com os melhores números em tudo.

ZZ: Há jogo amanhã, mas o estado de espírito já está também na viagem para Portugal.

MB: Sim, acaba o jogo e vem a viagem para Portugal para a seleção. Até dezembro estou em modo automático. Foram duas épocas seguidas, portanto até dezembro quero ganhar tudo o que conseguir, competir ao mais alto nível e depois respirar um bocado. Mas sim, amanhã há jogo e depois há seleção. Um bocadinho de cada vez.

@Josef Nedstam/Malmö FF

ZZ: Um ponto importante é o facto de estar a competir há duas épocas sem parar. Como é que está o corpo?

MB: Estou bem, cansada da cabeça, mas o meu corpo está perfeito. Não me lesionei, não me magoei. Uma coisa é jogarmos à bola, outra coisa é sermos atletas de alto rendimento 24 horas sobre 24 horas. Acho que foi tudo natural. Não me magoei, pelo menos até agora, e isso é o mais importante. Até dezembro estou a competir, mas confesso que ter o dezembro vai saber muito bem para meter as coisas no lugar e depois voltar a competir.

ZZ: São duas épocas seguidas nas pernas e em contextos muito diferentes. Foi difícil mudar de Portugal para a Suécia?

MB: Muitas coisas para dizer. Há muitos lados nessa questão. Em termos competitivos, eu quando estava em Portugal, estava no Valadares, o meu grande Valadares e que tem o meu coração inteiro, e é engraçado porque foi uma época que me correu bem, que me deu a visibilidade que depois me trouxe até aqui.

Lembro-me que era uma conversa que eu tinha assim com as pessoas mais próximas, eu jogava no Valadares e comecei a estar nas sub-23 e realmente sentia diferença no jogo internacional em comparação com os nossos jogos de liga. Aqui, efetivamente, encontrei essa intensidade. Elas aqui correm... estão ligadas à ficha.

Mas se foi difícil? Não. O futebol aqui é muito mais intenso, a bola anda muito mais rápido e elas correm muito, mas eu tive muita sorte. Tive sorte porque no Malmö não jogo 'futebol sueco'. Jogamos com a bola muito no chão, muita posse e valorizam muito os números e o futebol bonito de se ver. Tive essa sorte de que não jogo futebol sueco, como costumo dizer.

ZZ: Mas joga contra futebol sueco.

MB: Mas jogo contra futebol sueco. A intensidade é, efetivamente, diferente. Andam mesmo muito. Realmente é diferente de uma forma geral e encontrei essa intensidade, mas foi uma questão de tempo, sinceramente. Eu até acho que o meu jogo... Eu só por mim já era intensa, então quando recebi a proposta e me mudei para cá, já sabia mais ou menos o que ia encontrar. Inicialmente percebi que era o mais parecido com o futebol internacional, mas depois foi uma questão de tempo. Habituei-me e já fazia parte da minha maneira de jogar, independentemente de não ter sido preciso, em Portugal, chegar sempre à intensidade que tenho de ter aqui. Foi uma questão de tempo e já me parece normal.

qÉ uma questão de tempo até igualarmos com mais equipas portuguesas e vamos ser muito mais especiais do que quaisquer outras porque temos o talento
Mafalda Barboz

ZZ: Sente que é a maior diferença para Portugal?

MB: Sim, a intensidade, a velocidade da bola. Conseguimos sentir... São nórdicos, percebe? A intensidade, a maneira como dão uma tarefa qualquer a uma jogadora sueca e elas cumprem aquilo muito [à risca]. Eu costumo comentar que nós quando conseguirmos igualar a parte física, que é trabalhada... Elas aqui já estão a ir ao ginásio duas vezes por dia com 17 anos. É impensável. Há miúdas aqui que treinam futebol na escola, com chuteiras. Faz parte do treino. Mas vemos miúdas de 17 anos já a fazer duas vezes ginásio e é ginásio a sério, não é cá... Impensável, não é?

Eu gosto muito de frisar que no dia em que nós, porque acho que estamos no bom caminho e é uma questão de tempo, igualarmos esta parte física, que vai ter de ser mesmo cultural e vir da nossa maneira de querermos estar no futebol, a nossa outra questão, o nosso talento... Nós, portuguesas, somos muito especiais. Não sei explicar o porquê, mas o nosso talento... Quando igualarmos a parte física, não tenho dúvidas de que vamos estar muito acima. O Benfica já conseguimos ver, é a única equipa na Europa a dar cartas. Acho que é uma questão de tempo até igualarmos com mais equipas portuguesas e vamos ser muito mais especiais do que quaisquer outras porque temos o talento.

Mas sim, essa é uma das maiores diferenças. Mas depois as condições... Eu também estou a falar, mas é bom frisar e estar sempre em rodapé que eu tenho muita sorte. Estou no maior clube de toda a Suécia. Tudo o que eu digo que é a diferença que sinto, mesmo que seja a minha realidade pode não ser geral na Suécia. No Malmö tenho mais condições do que todos os outros clubes da primeira divisão. Tudo o que eu disser não é regra, pode ser exceção. A parte da intensidade do jogo é geral, a parte física é mesmo diferente. Elas serem altas é algo que nasce com elas, mas a fisicalidade que estou a falar é uma coisa que elas trabalham muito desde novas e depois vê-se a diferença.

Em termos de condições, obviamente eu tenho muito mais condições e posso falar delas, mas sempre com a consciência de que posso ser uma exceção aqui na Suécia comparativamente com as outras. Se formos por aí, a grande diferença que eu sinto é que não existe mesmo nenhum clube em Portugal com as condições que temos aqui. Questões de logística, tudo. É muito diferente do que temos em Portugal. Estou num clube muito grande.

@Josef Nedstam/Malmö FF

ZZ: Tendo em conta que a intensidade na Suécia é muito maior, o facto de ter chegado com uma época quase inteira nas pernas, embora desgastante, pode ter sido benéfico para facilitar a entrada nesse ritmo?

MB: É uma boa pergunta. Acho que, de uma ou outra forma, porque se não tivesse chegado naquela altura eu teria feito a pré-época com elas, adaptar-me-ia ao jogo de cá. É uma balança que tem sempre coisas boas e más, essa de ter feito uma época inteira antes de chegar aqui.

Mas, acima de tudo, aquilo que me fazia sentir mais tranquila é que eu tive a oportunidade de jogar jogos internacionais e aí, vendo a intensidade a que se jogava, sempre soube que era uma questão de tempo até me habituar.

Não sei se foi melhor ou pior, não sei se teria sido diferente se eu tivesse chegado para fazer a pré-época, mas acredito que não tenha pesado assim tanto. Eu já sou intensa e se os estímulos me fizerem ser ainda mais intensa do que o que eu precisava de ser... Eu era intensa, mas se calhar nunca passava para um nível acima porque não tinha estímulo que me obrigasse a isso.

No jogo internacional foi quando senti que era preciso. Foi uma das coisas que mais me motivou também a mudar-me para este tipo de liga, saber que eu me conseguiria adaptar pela minha forma de jogar.

ZZ: E os estímulos acabam também por fazer crescer.

MB: Há muita coisa. Há coisas que eu sinto que é inquestionável. O bater nelas antes, empurrá-las antes de correr para o espaço para receber a bola. Todas essas coisas eu antes não precisava. Aqui colocaram-me outros problemas que eu ainda não tinha tido e de forma muito recorrente. Portanto, perfeito. É inquestionável tudo o que ganhei por jogar aqui. É muito bom e também porque eu tive a sorte de independentemente da fisicalidade que as outras equipas nos impõem, nós não deixarmos de jogar um futebol bonito e com bola no pé e não o futebol sueco vertical e de bater bola e correr sempre para a frente. Para mim tudo se alinhou aqui.

«Descobri como é que se anda no alto nível e não é nada do que pensava»

ZZ: Na altura em que foi apresentada, disse que sabia ter ainda muito para aprender e que esperava poder tornar-se uma melhor jogadora na Suécia. Ao fim destes meses todos, o que é que já mudou na Mafalda?

MB: Primeiro ponto, que vem de tudo o que estávamos a falar: eu pensava que era forte e intensa, mas aqui descobri a evolução, como nos jogos quando os bonecos evoluem, do que é ser ainda mais forte e ainda mais intensa. Descobri como é que se anda no alto nível, que não é nada daquilo que eu pensava que era só preciso. Para além da intensidade, ganho tudo. A partir do momento em que o jogo é muito mais rápido e eu tenho de tomar decisões muito mais rápidas, a parte atlética, aquelas manhas que eu estava a dizer e que nunca na vida pensaria... É como se tivesse inventado mais cartas para jogar.

ZZ: Precisou de mais truques que até aqui nunca tinha precisado para contornar os obstáculos.

MB: Sim, sim. A partir do momento em que a velocidade do jogo é maior... Tudo em mim mudou. É engraçado que no outro dia eu estava a ver um jogo meu em Portugal, que tinha ali no computador, e eu olhava para mim e dizia assim 'coitadinha, tão lenta, tão inocente'. Mas lá está, são os estímulos. Ganhei muito aqui. O jogar na linha, as minhas corridas, as corridas na área, os timings em que começas a correr.

Agora estou a ver um jogo e estou super chata porque eles aqui vão ao detalhe e foram corrigir-me ao detalhe. Nós temos câmaras, temos análise do treino. Temos análise dos jogos como normal, mas temos também análise do treino e temos acesso aos nossos treinos todos, porque há câmaras sempre em direto numa aplicação. Todas essas ferramentas... é tudo ao pormenor. Depois olham muito para os números. É diferente. Aqui percebi mesmo a realidade de uma atleta de alta competição e não só de uma jogadora de futebol. Eu já tinha essa mentalidade, mas não tinha...

qEu já fazia tudo como se tivesse isto, mas agora estou a receber de volta mais ferramentas para me ajudarem a andar para a frente
Mafalda Barboz

ZZ: Estado nesse mundo.

MB: É. É engraçado, nós queremos sempre... Eu já fazia tudo como se já tivesse isto, mas agora é engraçado porque vivo a minha vida normal como vivia em Valadares, mas estou agora a receber de volta ainda mais ferramentas para me ajudarem a andar para a frente.

ZZ: Tem muito esse hábito de ver os próprios jogos e fazer essa introspeção?

MB: Tem de ser. O pior cego é aquele que não quer ver. Tenho esse hábito. É bom, sinto-me bem a ver o que eu faço mal, sinto-me bem a perceber. Eu é que sei o que estou a percecionar naquele momento do jogo. Não estou a querer descredibilizar o trabalho dos treinadores e analistas, mas é uma coisa muito mais pessoal eu ver-me e simplificar para mim própria quando algo não correu tão bem do que estar à espera. Obviamente, depois também não há a disponibilidade de nos estarem sempre a ajudar ao pormenor. Aqui eu encontrei isso, mas até então eu fazia muito esse trabalho sozinha e agora vou continuar, já faz parte de mim.

ZZ: Outra coisa que disse na altura da apresentação em Malmö é que era uma jogadora mais para assistir do que para marcar. Recorrendo à nossa base de dados, se juntarmos estas duas épocas consecutivas - Valadares Gaia e Malmö - são já sete golos e isso significa o momento da carreira em que mais golos marca. Quer repensar essa afirmação?

MB: Não, vou manter [risos]. Não costumo estar muito perto. Sei que o objetivo do futebol é muito simples: meter a bola na baliza adversária. E eu, sinceramente, penso em cada momento do jogo qual é a melhor forma de a meter lá dentro, mas na maior parte das vezes tenho noção de que não estava nos sítios certos. Por acaso sou uma média de muita chegada, mas não ligo muito a esses números. Se for eu ou se for outra, dá-me um bocadinho igual. Falei em assistir porque seria o mais corrente para onde jogo. Por acaso não tinha noção desses números. Se for os passes falhados, os passes para golo, esses eu vejo.

@Malmö FF

ZZ: Um dado interessante é que a Mafalda é a única jogadora estrangeira do plantel. A Kathrine Larsen é dinamarquesa, mas inclui-se nos nórdicos, portanto a Mafalda é a única realmente estrangeira. Como há sempre um português em cada canto do Mundo, há também um preparador físico português no Malmö, mas como é que foi chegar a um país como a Suécia, ser a única estrangeira do plantel e integrar-se?

MB: É muito chato ser a única estrangeira num país nórdico. É muito chato. Como disse, há portugueses em todo o lado e isso ajudou-me um bocado. É uma cultura muito diferente. Dentro do clube toda a gente me recebeu bem, toda a gente fala inglês e não houve nenhum problema. Efetivamente, é uma cultura muito diferente da nossa, muito mais fria e sinto muito a falta do meu Portugal. Ainda assim...

ZZ: Dá para matar um bocadinho a saudade e falar português com o Bruno [Almeida, preparador físico].

MB: Dá, mas não é a mesma coisa. Eu passo muito tempo no Malmö. É mesmo muito diferente e é difícil. Eu percebo porque é que é tão difícil virem. Foi um desafio. Correu tudo bem, não há nada de negativo, mas sinto muito falta do nosso calor. Nós, portugueses, somos muito diferentes.

ZZ: Tendo em conta que o plantel é todo sueco e estão mais do que ambientadas, para elas a rotina será naturalmente mais normal. Como é que a Mafalda faz para atenuar a saudade de Portugal?

MB: Foi um desafio. Passo muito tempo do meu dia no Malmö, depois tento estar com os portugueses o mais possível, também de acordo com a vida deles, porque estão em equipas diferentes.

qAs pessoas são bonitas, andam muito de bicicleta e até as mais idosas se arranjam todas. É bonito, agradável e seguro. É um país bom para se viver
Mafalda Barboz

ZZ: Tem contacto com muitos portugueses?

MB: Tenho com dois preparadores físicos e com mais algumas pessoas que conheci, há portugueses em todo o Mundo. Mas passo muito tempo comigo, a ler. O meu calendário é muito certinho. As minhas semanas repetem-se e costuma ser tudo muito certinho. No primeiro semestre ainda tive cá pessoas, agora neste segundo semestre houve muitas viagens e andei de um lado para o outro. Agora no primeiro fim de semana que iria ter de folga, obviamente iria para Portugal. O tempo que passo é muito... a ser, só. A ler... Há sempre algo para fazer aqui, mas muitas vezes na minha companhia, a minha excelente companhia.

ZZ: Como é a vida na Suécia? A cultura, a alimentação...

MB: O país é limpo, calmo, frio - está muito frio - e escuro. Agora fica escuro muito cedo. Mas é tudo organizado, as pessoas seguem as regras todas e conseguimos sentir isso. A nível afetivo não são os melhores, mas o dia faz-se bem. A comida é boa. Não é como a nossa...

ZZ: Íamos perguntar se era parecida.

MB: Não chega a ser comida alemã, com fritos e coisas gordas. Comem muito bem, mas usam muitos molhos em tudo. A comida em si é rica, é limpa. Consigo não juntar os molhos, que para eles têm que haver em todo o lado e em tudo. As pessoas são bonitas, andam muito de bicicleta e até as mais idosas se arranjam todas. É bonito, agradável e seguro. É um país bom para se viver, mas culturalmente e do lado mais afetivo são mais separados. Nós somos latinos, loucos e isso vai fazer sempre falta.

«Há-de haver algum lugar no Mundo em que vai dar e vai ser certo. É só procurarmos»

ZZ: A subida está alcançada. Planeia ficar por aí para experimentar a Damallsvenskan?

MB: Há essa possibilidade, mas neste momento a única coisa para a qual tenho a energia apontada é competir até dezembro, ganhar tudo o que conseguir para fechar bem este ciclo e depois, em dezembro, parar para respirar. Mas há essa possibilidade.

ZZ: Estamos a chegar ao fim e esta é uma das últimas perguntas. O facto de a Mafalda estar a alcançar sucesso na Suécia pode abrir a porta para mais jogadoras portuguesas aí chegarem, não só no sentido da jogadora portuguesa perceber que tem no país uma boa opção para seguir a carreira, mas também os suecos perceberem que a jogadora portuguesa pode ser uma mais-valia?

MB: Eu sei, e é algo que prezo muito, que tenho a bandeira de Portugal sempre aqui comigo e que vou servir de exemplo aos olhos dos suecos para muita da imagem que criarem à volta da jogadora portuguesa. Mas acho que isso sou eu como é qualquer outra jogadora que saia de Portugal para qualquer canto do Mundo. Claro que esta é uma liga um bocado acima da que nós ainda temos - ênfase no ainda -, mas sim, claro que sinto isso.

Mas como disse e repito, acho que tanto eu como qualquer jogadora que saia de Portugal vai ter sempre esse... Não é peso, talvez responsabilidade, mas nem responsabilidade gosto de colocar aqui, porque nós só queremos é crescer e sermos o melhor que conseguirmos. Tanto pode correr bem, a mim correu, como pode não correr. O mundo é muito grande para nós procurarmos o nosso lugar e está tudo bem. Mas sim, acho que quer queiramos, quer não, vamos sempre ser embaixadoras onde quer que estejamos.

Para as outras jogadoras... Eu sinto que a Suécia pode ser uma boa hipótese. Mas volto a dizer o mesmo: o importante, sendo a Suécia ou não, que é só mais um país e mais uma liga, é que há lugar para a jogadora portuguesa em todo o Mundo. Há milhares de equipas. Se estiverem à procura do futebol nórdico... Não sei, não gosto de opinar sobre as outras.

ZZ: Colocamos a questão de outra forma: o futebol sueco é um bom match para a jogadora portuguesa?

MB: Depende da jogadora portuguesa [risos]. Eu sei que sou uma jogadora, além de portuguesa, intensa. No meu caso, eu encaixei e onde quer que eu vá é uma questão de tempo e vou encaixar. Vai sempre depender de cada coração. A mesma oportunidade pode ser para mil, para uns dá e para outros não e está tudo bem. Há-de haver algum lugar no Mundo em que vai dar e vai ser certo. É só procurarmos.