O Sporting recebeu e venceu o Lille por duas bolas a zero, com golos do inevitável Viktor Gyokeres mas também do homem menos suspeito, Zeno Debast que, à lei da bomba, selou a primeira vitória leonina na prova milionária.

Mas será que tudo são rosas no caminho de Amorim? Na verdade, diria que sim, existe realmente um campo aberto de rosas à frente dos destinos do Sporting Clube de Portugal que, semana após semana, vence e convence, até com exibições por vezes discretas, mas, sobretudo, eficazes.

Mas falemos do jogo, que nos trouxe mais uma vez uma aula tática do jovem treinador dos leões, que analisou muito bem o seu adversário e corrigiu tudo aquilo que teve de corrigir no tempo certo.

Em primeiro lugar, quero destacar o papel que os três centrais do Sporting desempenharam no jogo, perante um avançado que eu considero de classe mundial, Jonathan David, que não se viu, aliás, se não estivesse na ficha de jogo, diria até que nem tinha viajado para Portugal para disputar este jogo.

Neste capítulo, não considero nenhum demérito por parte da equipa francesa, nem por parte do avançado canadiano, mas sim mérito por parte de Ruben Amorim e da sua equipa técnica. Acredito que, sabendo à priori que a equipa adversária tem um jogador diferente, especial, no seu eixo atacante, deverá ser mais fácil preparar o jogo consoante este cenário, algo até que os adversários dos leões também têm de preparar, devido à presença de Gyokeres, no entanto, esta forma previsível de jogar, que foi identificada por Amorim nas movimentações de David, é normalmente contrariada por Gyokeres, mas aí devido à sua capacidade física, que lhe permite tornar aquilo que é previsível num cenário muito imprevisível.

Em segundo lugar, e mantendo a minha análise ainda no setor mais recuado do campo, destaque novamente para a linha defensiva do Sporting na saída com bola e no controlo da profundidade, foi muito raro vermos os extremos do Lille e o próprio ponta de lança a atuarem com bola e com espaço de decisão, o que facilitou logicamente a tarefa defensiva dos leões.

Em terceiro e último lugar, destaco as movimentações ofensivas do trio de ataque dos leões que, apesar de já serem muito conhecidas por todos, causam um impacto cada vez maior em todos nós, adeptos do futebol bonito.

A forma como Francisco Trincão atua como um verdadeiro vagabundo, aliada à enorme capacidade que Viktor tem de queimar metros, de procurar o espaço, de atacar a profundidade, permitindo depois que Pote aproveite estes espaços vazios que surgem nas defesas contrárias, é simplesmente delicioso de assistir, e prova que, no futebol moderno, o sentido posicional do jogo tende cada vez mais a desaparecer, sendo que os extremos “de linha” são cada vez mais raros, porque a forma de jogar de muitas das equipas beneficia as tais características que mencionei há pouco, e que estão presentes na estrutura leonina.

No final de contas, o Sporting venceu a partida de forma efetiva, com todo o mérito e com nota de destaque para toda esta onda positiva gerada à volta da equipa verde e branca, que vai preparando o seu caminho, jogo a jogo, mantendo sempre a coerência em todos os capítulos. Este ano, temos novamente um Sporting muito forte, que entra com o pé direito na Liga dos Campeões e que manda uma clara mensagem a todos os seus rivais e adversários de competência, classe e puro futebol.