Ainda que, olhando para o registo histórico, o Benfica tenha apenas duas partidas contra clubes sérvios, a verdade é que existe uma forte relação entre as águias e este país dos Balcãs.

Na véspera do jogo do conjunto agora orientado por Bruno Lage com o Estrela Vermelha, viajámos até ao passado e 'auto propusemo-nos' um desafio: conversar com um dos sérvios do plantel do Benfica de 2013/14, época em que a formação da Luz apostou de forma bastante efetiva neste mercado.

As redes sociais auxiliaram-nos e, depois de alguns cliques, descobrimos que os irmãos Lazar e Filip Markovic são agora proprietários de um clube de padel em Belgrado. Enquanto o primeiro concilia esta atividade com a carreira de futebolista- pode ler a entrevista que fizemos ao antigo camisola 50 do Benfica AQUI-, o segundo está completamente dedicado ao negócio.

Entrámos em contacto com a receção do espaço desportivo, não para marcar uma partida, mas sim para pedir o contacto de Filip Markovic.

O antigo médio disponibilizou-se de forma imediata para conversar connosco, sendo que ficou combinado que iríamos visitar as instalações do antigo duo encarnado quando estivéssemos em Belgrado para cobrir o jogo da Liga dos Campeões.

Caro leitor, eis o 'Padel Bros'.

@zerozero

Uma mudança obrigatória

É inevitável começarmos a conversa com Filip por aqui. Como aparece o padel na vida dos irmãos Markovic?

«Depois da pandemia de Covid-19 sofri uma rotura de ligamentos no joelho e nunca consegui recuperar em pleno. Estive seis meses sem fazer nada, só ia de casa para a terapia e a minha parte psicológica não estava claramente bem. Entretanto percebi que tinha de mudar e o padel estava a começar na Sérvia. Comecei a jogar com amigos, com o meu irmão e com colegas dele no Partizan. Eu senti-me bem, comecei a gostar e a jogar com bastante frequência. Posso dizer que o padel me fez renascer depois da minha lesão no joelho, mudou a minha vida num sentido positivo», começa por nos contar o mais velho dos Markovic.

Daí até à abertura do 'Padel Bros', em abril de 2023, foi um passo curto: «Quando o Lazar estava no Partizan, nós gastámos mesmo muito dinheiro noutros clubes de padel. Chegou a uma altura em que reunimos a família e dissemos "Porque é que não abrimos um espaço nosso? Um dos maiores da Europa!". Os nossos pais apoiaram a ideia e acabámos por fazer algo fantástico. Costumo ver torneios de padel em várias cidades e nenhuma tem um espaço como o que nós temos cá.»

Ainda que assuma que o investimento foi grande, Filip considera que o negócio está a «correr muito bem». Uma coisa é certa, caro leitor: os quatro campos interiores e os três exteriores dão ao espaço uma dimensão assinalável!

«Correu-nos tudo bem no Benfica»

Ainda que não se tenha estreado pela equipa principal do Benfica, Filip Markovic guarda as melhores memórias da época que passou em Lisboa.

Filip em ação no Benfica @Catarina Morais

«O Lazar destacou-se bastante no e o scout do Benfica decidiu contratá-lo. Eu acabei por ir com ele para jogar na equipa B, que também era muito boa. Na minha opinião, o Benfica é o maior clube de Portugal e um dos maiores da Europa. Para além disso, penso que o melhor ano da carreira do Lazar foi no Benfica. Nós vivíamos juntos, os nossos pais também estavam connosco... Correu-nos tudo bem no Benfica. Os nossos pais decidiram pôr um pouco em suspenso a vida deles na Sérvia e acompanharam-nos. Foi a estratégia ideal para não nos perdermos num contexto tão diferente», recorda.

Destacando também a importância dos restantes sérvios [Djuricic, Sulejamni, irmãos Matic, Mitrovic e Fejsa] no processo de adaptação a uma nova realidade, o agora jogador de padel não poupa nos elogios ao futebol que o irmão produziu nessa temporada: «Ele não começou bem, mas depois do golo que marcou frente ao Sporting começou a jogar mesmo muito bem. Quase como um mini-Messi. É de loucos o quão bem ele jogou nesses seis meses, depois foi para o Liverpool. Nesse período jogou como nunca antes e como nunca depois. Claro que teria sido bom ficarmos mais um ano no Benfica, mas quando aparece um clube como o Liverpool...»

Bernardo Silva e Jorge Jesus em destaque

Na época que passou na equipa B do Benfica, Filip Markovic cruzou-se com nomes como Oblak, João Cancelo e Lindelof, mas há um jogador cuja qualidade lhe ficou na retina...

Os sérvios do Benfica em 2013/14

«A evolução do Bernardo Silva surpreendeu-me bastante, é claramente o melhor jogador com quem joguei naquela equipa B. Ele sempre foi especial, mas não acreditava que ele conseguiria atingir este nível. É titular numa das equipas mais caras na história do futebol. Agora, quando vejo este tipo de jogadores na televisão, digo sempre aos meus filhos que joguei com eles. Também costumo abrir a caderneta de cromos e apontar para os jogadores com quem já joguei [risos]», revela, elogiando também Jorge Jesus, treinador com quem trabalhou nos treinos da equipa principal:

«Era um excelente treinador. Era 'louco', mas passava uma mensagem muito positiva aos jogadores. Sabe muito sobre futebol e ajuda bastante no desenvolvimento de jovens jogadores. Foi uma excelente experiência trabalhar, é um daqueles casos de um em um milhão. Consegue ser delicado com os jogadores, mas ao mesmo tempo consegue ser também agressivo.»

Benfica ainda no coração

Perante tudo isto, despedimo-nos com uma pergunta. Estará Filip Markovic no estádio do rival Estrela Vermelha- os irmãos Markovic são produtos da formação do Partizan- para assistir ao embate da Liga dos Campeões?

«Vou tentar ir ao jogo para visitar alguns amigos. Eu nunca fui ao estádio do Estrela Vermelha, mas agora vou combinar com amigos e vamos ver o jogo. Consigo abrir uma exceção neste caso [risos]», destaca o antigo médio, que deixa também um prognóstico para o resultado final:

«A minha aposta é um 2-1 para o Benfica, espero que o Benfica ganhe!»

@zerozero