A Direção da Liga, constituída por Casa Pia, FC Porto, Rio Ave, Benfica, Sporting, Chaves, Paços de Ferreira e Vizela, manifestou de forma unânime a intenção de manter o espírito de solidariedade relativamente às verbas da UEFA para os clubes que não participam nas provas europeias, evitando assim que os emblemas da Liga 2 saiam penalizados.

Esta intenção, que surge em linha com o que tem sido registado no futebol profissional em Portugal nos últimos 20 anos, foi manifestada de forma unânime pelos clubes antes da reunião do Comité Executivo da UEFA, da próxima terça-feira, em Praga, na qual será votada uma proposta, que a ser aprovada, como se espera, altera as regras do mecanismo de distribuição das verbas, que ameaça os clubes da Liga 2 (e restantes divisões secundárias europeias), já que a decisão ficará a cargo dos emblemas dos clubes dos principais escalões.

A BOLA deu conta em primeira mão, na passada terça-feira, da existência dessa proposta, que divide os valores a distribuir pelos clubes que não participam nas provas europeias em duas fatias: uma, de 30 por cento do total de 308 milhões de euros reservados (7 por cento das receitas das provas europeias; antes era de 4 por cento e sobre um bolo menor, 140 milhões no total), fica obrigatoriamente reservada para clubes do principal escalão e é distribuída por cada país em função dos resultados das equipas europeias desse país nessa época; a outra, de 70 por cento, com os países mais bem classificados no ranking da UEFA a receberem mais, pode chegar a clubes do segundo escalão, desde que os do primeiro (no caso português, os da Liga Betclic) aprovem, com pelo menos três quartos dos votos a favor, uma distribuição diferente.

A Direção da Liga justifica esta posição em relação ao assunto com «o princípio inalienável de procurar o equilíbrio financeiro entre todos os clubes participantes nas competições profissionais, impedindo o aumento do gap entre os que competem na Liga e na Liga 2 , tendo em conta até a realidade do futebol profissional: à exceção dos clubes que normalmente acedem às competições europeias, todos os outros têm oscilado entre presenças nos dois escalões».

«A Direção da Liga Portugal continuará a defender o mérito desportivo e o competitive balance, e para isso é fundamental a equidade na redistribuição das referidas receitas, como forma de reduzir as assimetrias entre os clubes», reforça o organismo, no site oficial.

Segundo a Liga Portugal, «vingará o firme compromisso de todos os clubes que competem no futebol profissional, em nome da solidariedade e da equidade, princípios que, cada vez mais, têm regido as relações entre todas as Sociedades Desportivas».

Se a proposta for aprovada no Comité Executivo de Praga, de 24 de setembro, Portugal pode esperar receber cerca de 13 milhões, 6,5 milhões em cada uma das fatias. Como uma delas irá exclusivamente para os 13 clubes da Liga Betclic que não estão nas provas europeias desta época, cada um receberá pelo menos 500 mil euros. Depois, a distribuição dos outros 6,5 milhões terá de ser decidida em votação na Liga, apesar da posição tomada ontem pela Direção, após proposta do presidente Pedro Proença.

Caso os clubes decidam dividir esses 6,5 milhões em partes iguais pelos clubes da Liga e da Liga 2 (excluindo equipas B, que não têm direito), dará cerca de mais 220 mil euros a cada um — mas qualquer forma de redistribuição é possível. Se os clubes da Liga Betclic não aprovarem a redistribuição, encaixariam um milhão de euros cada e os da Liga Meu Super ficariam sem nada.

Em 2022/2023, cada clube dos dois principais escalões que não esteve nas fases de grupos das provas da UEFA encaixou 216 mil euros.