Como descreve o seu último ano antes de regressar ao FC Porto?

O último ano foi, sobretudo, para recuperar. Estava desgastado após a minha última época no FC Porto e precisei de tempo para estar com a minha família e voltar a sentir-me bem. Continuei a acompanhar andebol, mas o foco foi relaxar um pouco e dedicar-me a outras coisas, como o golfe.

O convite desta vez veio de uma nova direção. O que mudou no clube?

Recebi uma chamada do André, que me explicou o projeto que iria apresentar nas eleições. Fiquei interessado, especialmente por tudo o que vivi no FC Porto. Foi difícil decidir de imediato, até porque tinha contrato com um clube em França. Mas conseguimos resolver e estou muito feliz por estar de volta.

Sente algum receio de não conseguir repetir o sucesso que teve na primeira passagem?

Não diria receio, mas claro que pensei nisso. A questão de voltar onde já fui bem-sucedido estava na minha cabeça. Mas gosto demasiado deste clube e desta cidade para recusar. Sei que será difícil repetir o nível de sucesso anterior, mas estou confiante de que podemos voltar a ser uma equipa vencedora.

O que mudou na equipa desde a sua saída?

Conheço a maioria dos jogadores, mas há também novas caras. Quando cheguei, já havia decisões tomadas sobre o plantel, por isso, não pude intervir muito. Temos jogadores jovens que precisam de tempo para crescer, mas num clube como o FC Porto, a exigência é sempre ganhar. Vamos encontrar o equilíbrio certo para permitir esse crescimento, sem perder o foco nos títulos.

Perder jogadores importantes, como António Areia e Diogo Branquinho, para nomear apenas alguns, terá grande impacto?

Sim, terá impacto, claro. São jogadores que estiveram aqui muitos anos e deram muito ao clube. No entanto, acredito que é positivo trazer novas energias para a equipa. Temos jovens jogadores com potencial, tanto portugueses como estrangeiros, e é sempre necessário renovar para continuar a evoluir.

A equipa está preparada para ganhar títulos novamente ou os rivais estão melhor?

Acredito que temos um plantel com qualidade suficiente para lutar pelo campeonato. Sabemos que será difícil, especialmente porque Sporting e Benfica também têm equipas muito fortes. O Sporting fez uma época incrível no ano passado e o Benfica venceu-nos na Supertaça. Mas, se trabalharmos arduamente e corrigirmos alguns aspetos, acredito que podemos voltar a vencer.

O próximo jogo é novamente contra o Benfica. Mais um teste dificíl para esta equipa?

Sim, sem dúvida. O jogo contra o Benfica será um grande teste. Na Supertaça Ibérica, cometemos muitos erros contra o Barcelona, tal como contra o Benfica, nas meias-finais da Supertaça. Temos de voltar a ter mais disciplina e evitar esses erros, especialmente contra equipas de qualidade, que castigam cada falha. Ainda estamos a crescer, mas acredito que podemos vencer este tipo de jogos, desde que tenhamos um bom dia.

Qual será o maior desafio desta época?

O maior desafio será, sem dúvida, voltar a crescer como equipa, jogo a jogo, passo a passo. Precisamos de melhorar a nossa defesa, algo que falei logo na minha primeira entrevista. Nos últimos anos, a nossa defesa foi um dos pontos fortes, e é essencial voltar a esse nível. A equipa está motivada e com fome de sucesso, mas sabemos que será uma jornada difícil e exigente.

Como vê o andebol português em comparação com outras ligas?

O andebol em Portugal tem vindo a crescer, e isso é evidente quando olhamos para os três grandes clubes de futebol, que também investem no andebol. Esses clubes são, neste momento, os melhores no andebol português. Espero que o sucesso da seleção nacional inspire mais jovens a praticar o desporto e que o andebol continue a crescer, para que em Portugal não se veja apenas o futebol como a única opção desportiva.

A mentalidade desportiva em Portugal é muito diferente da Suécia?

Há diferenças claras. Na Suécia, muitos atletas conciliam o desporto com o trabalho ou os estudos, o que lhes dá uma perspetiva diferente. Aqui, muitos jogadores tornam-se profissionais muito cedo, especialmente nos três grandes clubes. Isso facilita o crescimento no desporto, mas, por vezes, pode tornar-se fácil demais e alguns não valorizam outras experiências de vida.

Já falou com André Villas-Boas sobre a criação de uma equipa feminina de andebol no FC Porto?

Ainda não discutimos o tema em profundidade, mas sei que faz parte dos planos futuros. Acredito que seria ótimo para o clube e para o desporto ter equipas masculinas e femininas de alto nível.

O andebol feminino é muito maior na Suécia, certo?

Sim, na Suécia, e na Escandinávia em geral, o andebol feminino é bastante popular, com equipas nacionais muito fortes. Em Portugal, as coisas estão a evoluir, mas ainda não estão ao mesmo nível. No entanto, acredito que, passo a passo, o andebol feminino vai crescer também por aqui.